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Eu não cresci ouvindo Gal, isso é fato. O cenário da MPB era talvez distante e não conversava com a realidade da comunidade, isso é outro fato. Ao menos da minha, não conversava. Fui conhecer Gal já adulto, crescido e consciente. Não me impediu de entender sua voz, sonoridade, presença e herança musical. Gal me chamou a atenção em uma coisa muito linda — ela sabia e amava conversar com o presente, com a nova MPB e as novas vozes da música. Com mais de 60 anos de trajetória musical, ela ainda sabia se reinventar, ser uma estrela atemporal, uma cantora e diva pop. É Gal com Baco, com Silva, Preta Gil, Jovem Dionísio e tantos outros. É a musicalidade, versatilidade e a afinação impecável de Gal que estão presentes no longa “Meu Nome é Gal”, um presente para eternizar em nós a trajetória da maior voz do Brasil.  

Sinopse

O longa explora a trajetória de Gal Costa, uma menina tímida que desde muito cedo soube que a música guiaria seus caminhos. Ela foi criada sozinha pela mãe Mariah, que foi uma de suas maiores incentivadoras. Aos 20 anos, ela decide viajar rumo ao Rio de Janeiro para se tornar cantora. Lá, a jovem encontra seus amigos da Bahia: Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Dedé Gadelha, que acompanham os primeiros passos de Gal na música profissional no final da década de 1960.

Gal como força e potência de si mesma 

Gal e a sua auto-descoberta foi algo lindo em sua construção. Não foi criada nem construída para ser quem é, não foi um produto ou subproduto para vender um personagem ou alterego. Gal enquanto voz é a força, verdade e poder em cima dos palcos. Enquanto mulher, é uma potência maior do que si mesma. No longa, temos uma imagem nítida de como foi ser a voz que revolucionou a MPB na década de 60 e rompeu com muitos padrões, estigmas, melodias, versos e a imagem que a música tinha naquela época.  

Foto: Divulgação / Paris Filmes

No elenco, temos peças-chave de grande impacto 

Além de Sophie Charlotte, que vou falar mais a seguir, quero destacar no elenco a presença de Luis Lobianco, que interpreta o empresário de Gal na trama, Guilherme Araújo. Luis é de uma presença fenomenal para interpretar seus personagens, como já vimos em tantos filmes e esquetes de comédia. Em “Meu Nome é Gal”, Luis traz momentos de leveza, respiro e também de humor para o desenvolvimento do longa, nos presenteando com sua simpatia e carisma na atuação. 

Um destaque especial para a personagem de Mariah, mãe de Gal, interpretada por Chica Carelli. Chica é um doce, um abraço e afago para o longa. É impossível não se encantar e até mesmo se emocionar nas cenas que Chica aparece, pois ela torna o filme mais familiar, traz o ar de mãe cheia de amor e orgulho. Ela é amor puro atuando. 

O longa é música pura, sem polêmicas e intimidades

Não é novidade que Gal reserva sua vida e todas as intimidades para si mesmo. Não é necessário um show de polêmicas e aspectos íntimos do artista para se fazer presente e eternizado. Só é preciso sua voz, sua música, sua potência enquanto canta e arrebata corações na interpretação. Gal sempre foi e sempre será sua voz, isso é uma verdade absoluta. Uma voz que chama pra cantar, pensar, chorar, viver todos os momentos da vida. É preciso saber que a música já fala tudo o que precisa, não é preciso nada mais. 

Foto: Divulgação / Paris Filmes

Sophie Charlotte é impecável como Gal, na voz e atuação 

Nosso cristal brasileiro canta lindamente. Deveras, uma das melhores escolhas para interpretação de Gal. Sophie além de trazer a força e magnetismo em sua atuação, traz a aura de encanto, beleza, vitalidade, jovialidade e a presença de Gal para o longa. Na voz, temos uma interpretação linda e afinadíssima de todas as canções. Incrível o trabalho de produção vocal para Charlotte, que explorou muito bem sua voz angelical para algo potente, revigorante e os agudos incomparáveis que Gal executava em suas músicas. De fato, o trabalho técnico foi primoroso. 

Foto: Divulgação / Paris Filmes

Na atuação, depois de entregar tudo e mais um pouco na maior novela do ano, vulgo “Todas as Flores (2022)“, Sophie nos presenteia com a evolução de Gal em sua trajetória, desde seu início muito jovem na carreira artística, até sua ascensão e explosão como a maior voz do Brasil. Foi uma experiência linda vê-la incorporar Gal, respeitar seu legado em cada gesto, olhar, trejeito, fala e em cada nota da sua voz quando canta. De fato, um papel mais que merecido. 

“Meu Nome é Gal” é poesia e melodia, é um legado imensurável na tela do cinema

Talvez você assista e queira mais. Talvez você não ache que é suficiente para transmitir um legado e contar uma história, uma biografia sonora. Mas acredito que nunca será o suficiente pois é impossível transpassar mais de 60 anos de uma trajetória que transformou o Brasil. Esta voz vai sempre ecoar, isso é fato. Vai sempre tocar na nossa mente, no rádio, no spotify, no assobio e nas cordas vocais de quem ama Maria da Graça Penna Burgos Costa, vulgo Gal Costa, a maior voz do Brasil. 

Foto: Divulgação / Paris Filmes

Este longa é para ser apreciado, escutado com os ouvidos prontos e percebido pelos olhos atentos de quem é apaixonado por música, pela MPB e por Gal Costa. Até por quem não conhece, não tem familiaridade com esta voz. A herança do Brasil vem para a tela do cinema para nos mostrar o quão o brasil é lindo, o quanto já sofreu e o quanto lutou. O quão o brasileiro vive da voz, da cultura e valoriza o legado e musicalidade de Gal Costa em sua história.  

Confira abaixo o trailer de “Meu Nome é Gal”, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 12 de outubro de 2023.

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Escrito por

Alison Henrique

Publicitário, Empresário, Dançarino, Cantor, Estudante de Filosofia e, claro, APAIXONADO por Cinema, Arte, Música e Livros. Crítico de Cinema aqui no {Des}Construindo o Verbo com muito sentimento, emoção e boas reflexões pra gente mergulhar nas obras do cinema contemporâneo. Seja Ficção, Drama, Romance, DC, Marvel, Ficção Científica, Bom, Ruim, Médio ou Péssimo. A gente sempre vai se encontrar por aqui pra discutir um pouco sobre tudo. Instagram: @alisonxhenrique.