É impossível esquecer os clássicos que marcam nossa vida, principalmente quando falamos de “O Exorcista”, que em 1973 revolucionou o gênero, o cinema, a fotografia e o modo de fazer filmes. Mas o que vale aqui é a experiência. Minha lembrança é assisti-lo em família, o que se torna uma memória de nostalgia. Mas se você é daqueles que ama de verdade a franquia, esta será uma experiência ainda mais especial, principalmente por ir além do que podemos imaginar e criar um diálogo com os tempos presentes. Você se preparou para este novo capítulo? “O Exorcista: O Devoto” mal lançou e está recebendo inúmeras críticas negativas, tanto lá fora quanto aqui no Brasil. Deve ser pelo fato do diretor do clássico de 1973, William Friedkin, que nos deixou em agosto deste ano, criticar o longa sem sequer ter visto. Mas aqui temos mais o caso de um velho preso no passado e críticos ultrapassados tomando as dores dele. Não se segure a isso, se segure a esta experiência e não viva as anteriores. O Tio Alison vai falar um pouco sobre esta NOVA experiência, já que estamos em 2023 e não em 1973. Já dizia Karol Conká: “50 anos já! Vai viver!”. Ah, a crítica é sempre sem spoilers, bom lembrar.  

Sinopse

“O Exorcista – O Devoto” é a sequência do clássico de 1973, “O Exorcista”. Nesta versão de 2023, Victor Fielding, que tem criado sua filha Angela sozinho desde a morte de sua esposa grávida há 12 anos, se vê confrontado com o desaparecimento de Angela e sua amiga Katherine na floresta. Quando elas retornam três dias depois sem memória do que aconteceu, Victor é obrigado a confrontar o mal e buscar a ajuda de Chris MacNeil, a única pessoa viva que testemunhou algo parecido antes. O filme é baseado no best-seller de William Peter Blatty.

É bem construído para te prender

É uma narrativa que flui facilmente entre todos os acontecimentos. Quando você vê, se passaram duas horas. “O Exorcista: O Devoto” te prende e não é pouco, pois traz muitos elementos para agregar na história, o que deixa o espectador ainda mais interessado e conectado com a obra. Uma coisa ou outra não fez sentido? Sim, como todo filme, este não é perfeito e tem sim seus mínimos defeitos, que se tornam irrisórios e não impactam na experiência. Mas se você está esperando algo para te arrebatar e transformar sua experiência com a franquia, talvez a oportunidade esteja neste longa, que hora te deixa curioso para saber o que acontecerá, ansioso para o desenrolar da história e tenso para os acontecimentos a seguir. Além de interessado para saber o ponto de virada ou o clímax presente no longa, que ao meu ver, é um dos melhores momentos. 

Imagem: Divulgação / Universal Pictures

A tensão está presente em todo o conjunto da obra

Toda a ambientação das cenas e como se dão os acontecimentos. O prólogo já carregado de tensão. Os movimentos de câmera que carregados de suspense. Os olhares do elenco que denunciam medo e angústia. A fotografia que dá o tom de mistério, esoterismo, sombriedade e morbidade. É lindo como o conjunto de toda a obra proporciona batimentos mais acelerados por carregar aquela boa e velha tensão de clássicos de terror. Lembra de respirar, pelo amor de Deus. 

Imagem: Divulgação / Universal Pictures

O longa vai além do clichê e das nossas expectativas

É para surpreender e nos tirar do lugar de conforto, do usual, da mesma narrativa, do católico, da mesma conjuração e do mesmo papel de padre e pecador. Para quem ainda está preso no passado e quer comparar um filme de 1973 com outro de 2023, convenhamos que não cabe comparação. Cabe talvez a identificação desta como uma obra que sabe trabalhar uma boa história, sabe trazer um bom enredo. O causa e o efeito nunca saem de moda, isso é claro. Mas o modo como contamos, o tom de voz, a trilha sonora, os elementos visuais e todos os outros elementos, fazem desta uma experiência para admirar e se apaixonar. 

Uma mensagem poderosa sobre fé

O longa é transformador ao contar uma nova história sob uma perspectiva mais atualizada. Não peca em nenhum momento. Se você achar que pecou, pois que fique com seu pecado. A nova proposta de “O Exorcista: O Devoto” é conectarmos o passado com o presente. As novas narrativas precisam conversar com as novas culturas, as novas religiões, as novas crenças e, acima de tudo, com a fé que vai além da igreja. Acredito que esta será uma experiência nova para muitas pessoas, principalmente as que possuem crenças limitantes. É um novo capítulo para uma história que sempre carregou muito do clássico e nada do atual. É preciso trazer uma obra para a realidade. É preciso olhar a fé para além dos seus limites e para além da cruz na igreja. 

Imagem: Divulgação / Universal Pictures

Um elenco que dá um show de interpretação 

A começar pelo orgulho de negrão que é Leslie Odom Jr., que interpreta Victor Fielding na trama. É surreal a dramaticidade que Leslie consegue imprimir na trama, trazendo à tona o olhar do descrente, a revolta e inconformismo de um pai, o desespero nas situações mais tensas e, principalmente, a fé e esperança de quem já sofreu muito. Junto a Lidya Jewett, que interpreta Angela Fielding, sua filha na história, trazem a potência de duas pessoas pretas em uma narrativa até então branca e extremamente católica. Romper com as narrativas é o ponto principal que faz do longa uma nova obra em um novo tempo.  

Imagem: Divulgação / Universal Pictures

Junto a isso quero destacar a presença de Ann Dowd, que interpreta Paula na trama. É incrível o poder de Ann interpretar papéis de personagens religiosos, parece que esta nasceu para isso. Nossa eterna Tia Lydia, da série The Handmaid’s Tale (2017), entrega uma dramaticidade e tensão muito grandes para a história. Sua presença é essencial no longa e seu papel um dos grandes destaques que marcam este novo episódio. 

No fim, o longa rompe com o passado e entrega uma nova roupagem para a franquia

Não são só 50 anos de um filme, são 50 anos de nossas vivências, 50 anos que a fé se reinventa e 50 anos que a cultura cada vez mais é descoberta e desmistificada, abraçada pelo cinema. “O Exorcista: O Devoto” é um filme lindo, sensível e poderoso. Quando disse isso a muitos que me perguntaram sobre o longa, mal acreditaram ou acharam que eu estava sendo irônico. É bonito ver um terror ir além do gênero, contar algo que ainda não foi contado e explorar tantos outros sentimentos que precisamos, de fato, sentir. Que seja uma ótima experiência para você. 

Confira abaixo o trailer de “O Exorcista: O Devoto”, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 12 de outubro de 2023.

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Escrito por

Alison Henrique

Publicitário, Empresário, Dançarino, Cantor, Estudante de Filosofia e, claro, APAIXONADO por Cinema, Arte, Música e Livros. Crítico de Cinema aqui no {Des}Construindo o Verbo com muito sentimento, emoção e boas reflexões pra gente mergulhar nas obras do cinema contemporâneo. Seja Ficção, Drama, Romance, DC, Marvel, Ficção Científica, Bom, Ruim, Médio ou Péssimo. A gente sempre vai se encontrar por aqui pra discutir um pouco sobre tudo. Instagram: @alisonxhenrique.