To Ryca 2

A comédia no Brasil é um caso sério de esperança. A gente gosta de depositar nossas risadas em uma boa comédia nacional que sempre tende a nos unir cada vez mais – seja para sorrir, se emocionar e criticar bastante, afinal, nada mais pode trazer alegria como nosso senso de humor diante das diversas situações das nossas vidas. Enquanto a comédia nacional dos cinemas ainda tropeça nos exageros, mais nos seguramos na certeza de que ela evoluiu e precisa entregar mais qualidade em seu humor. O filme ‘Tô Ryca 2’ entrega uma sequência boa em um primeiro momento, mas um pouco perdida, que não chega ao nível de sucesso do primeiro filme, infelizmente.

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Na continuação do longa Tô Ryca, lançado em 2016, Tô Ryca 2 (2022) traz um novo capítulo da história de Selminha Oléria Silva (Samantha Schmütz) que, enquanto desfruta da sua herança milionária, é surpreendida pela descoberta de uma homônima (Evelyn Castro) e então tem sua fortuna congelada até a justiça determinar a verdadeira herdeira. 

O longa fica pequeno demais para um elenco de peso

É para poucos reunir Samantha Schmütz (Selminha), Evelyn Castro (Selminha) Rafael Portugal (Gracil), Katiuscia Canoro (Luane); Charles Paraventi (Marcão) e Marcello Melo Jr. (Rubens) para um longa de comédia. Definitivamente temos grandes e fortes personalidades do humor que roubam a cena de um jeito único – e é isso que vai de encontro com o que o longa Tô Ryca 2 propõe. 

Além do personagem de Selminha que entrega uma atuação cheia de carisma e autenticidade pela atuação de Samantha, temos uma construção um pouco perdida e talvez mal trabalhada em diversos pontos, não gerando nem uma razoável conexão e identificação com o público – tudo foi bastante superficial e distante, arriscando dizer que quase vago. 

Dos nomes mais caricatos do humor, como Rafael e Evelyn (duas lendas do Porta dos Fundos) e Katiuscia, temos atuações um pouco tímidas demais e que não exploram o potencial que podem entregar. Essa impressão se reforçou a cada pequena cena em que apareciam, mas logo se descolavam da narrativa de modo muito prematuro em todas as vezes.

Gostinho de stand-up ou de A Praça é Nossa? Fica uma questão

Tô Ryca 2 introduz muito bem o início da história, mostrando a nova vida de riqueza, luxo e poder de Selminha e trazendo os acontecimentos iniciais que nos levam para dentro da história. Não focando nas piadas de tiozão do churrasco, no decorrer do filme o sentimento é claro: parece que estamos em um show de stand-up interminável dentro do cinema. A narrativa é narrada literalmente, o que torna o desenrolar do filme muito cansativo e sem respiros de descontração e alívios cômicos naturais, sem forçar a barra.

Definitivamente, percebemos com este filme que algumas piadas precisam ficar no século passado. Afinal, humor precisa gerar identificação e não forçar uma identificação que não existe. Quanto mais distante da vida real, menor é a esperança que temos na comédia que sempre vem nos cativando muito nos cinemas brasileiros. A sequência Tô Ryca 2, tem agora o desafio de superar o público de 1,2 milhão de pessoas que foram assistir ao primeiro filme em 2016. 

“Ela não vem mais!”

Brazil? I’m completaly devastated. A primeira parte da história, que aconteceu em 2016, rendeu cenas icônicas e inesquecíveis para todos que tenham assistido. Como esquecer da cena de Selminha e Luane bêbadas na lage admirando a paisagem da comunidade? Como não vibrar com Selminha dançando “Late que eu tô passando” e agitando uma balada inteira? Momentos que levaremos para sempre no coração. 

Mas se você chegou até aqui se segurando nessa nostalgia, talvez seja bom abrir o coração para Tô Ryca 2 e buscar as conexões sinceras que você sentir em cada momento. A percepção individual é o que sempre conta, mas pela minha visão o filme fracassa em alguns momentos por tentar criar cenas icônicas, e em outros por nem tentar, apenas ser básico e mal executado.

A trilha sonora? 

Começou contagiante com “Esse Brilho é Meu”, da nossa deusa IZA. Foi de mal a pior com “Me Solta”, do Nego do Borel. E encerrou com chave de ouro com “Dez Por Cento”, de Maiara e Maraísa. Esse parágrafo era só um adendo para criticar a escolha do meio, mesmo. 

O que salva, é o carisma e brilho de Samantha Schmütz. É ela!

Essa mulher encanta por onde passa. É inegável a autenticidade e jeitinho único de fazer humor de Samantha, que sempre nos proporciona muitas risadas na tv brasileira (um beijo para o Juninho Play). Em Tô Ryca 2, ela não tem um roteiro bem desenvolvido, ela não tem um elenco de apoio que é bem explorado na história para entregar mais momentos de conexão, ela não tem uma narrativa envolvente, ela não tem um humor mais qualitativo e identificável para entregar, mas ela tem um carisma insuperável e, acima de tudo, ela tem o povo! 

Samantha salva um humor pastelão exagerado, com doses cavalares de stand-up e uma comédia de baixa qualidade, mostrando que o exagero e piadas saturadas da personagem podem ir além, transformando algo pobre no enredo, em uma obra rica de personalidade. 

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Confira abaixo o trailer oficial de Tô Ryca 2 (2022), que estréia nos cinemas nessa quinta-feira, 03 de fevereiro de 2022. 

Ainda não assistiu o primeiro filme da sequência ou quer relembrar os momentos icônicos? To Ryca (2016) está disponível na Netflix e no Globoplay.

Escrito por

Alison Henrique

Publicitário, Empresário, Dançarino, Cantor, Estudante de Filosofia e, claro, APAIXONADO por Cinema, Arte, Música e Livros. Crítico de Cinema aqui no {Des}Construindo o Verbo com muito sentimento, emoção e boas reflexões pra gente mergulhar nas obras do cinema contemporâneo. Seja Ficção, Drama, Romance, DC, Marvel, Ficção Científica, Bom, Ruim, Médio ou Péssimo. A gente sempre vai se encontrar por aqui pra discutir um pouco sobre tudo. Instagram: @alisonxhenrique.