Kill Bill, você criou um monstro. Simplesmente sou apaixonado por histórias de luta e superação, com uma jornada do herói com muito sangue e ação. O propósito é o que sempre nos move e, acredito eu, que este é o elemento principal de uma boa premissa que leva o espectador ao êxtase de acompanhar o espetáculo. Quando as cortinas se fecham, nos damos por satisfeitos, afinal, o filme entregou tudo o que a gente nem sabia que precisava — exceto quando temos um enredo muito superficial e confuso no desenvolvimento. Mas este não é o caso de “Contra o Mundo”, e não, este não é um filme sobre o chato do Scott Pilgrim. Uma proposta não tão inovadora, mas aclamado em suas referências, excepcional na produção e nos efeitos, ótimo em seu desenvolvimento e divertido na execução. O longa “Contra o Mundo” tem chances de conquistar um público notório que vai se encantar, entrar na luta e se empolgar com menino (ou homem? não sei) que precisa enfrentar o mundo para retomar as rédeas da sua história.

Sinopse

Quando ainda era pequeno, o jovem Boy (Bill Skarsgård) teve sua família assassinada pela poderosa Hilda Van Der Koy (Famke Janssen), mas sobreviveu surdo e sem voz. Ela lidera uma organização, que explora os moradores de cidades em um jogo mortal exibido para o mundo. O que Hilda jamais imaginaria era que aquele mesmo garoto, sobrevivente do passado, cresceu e tinha um plano para enfrentá-la. Treinado por um mestre em combates, Boy transformou-se em uma verdadeira máquina de guerra e formou uma equipe igualmente violenta para executar um sanguinário plano de vingança. Contra o Mundo é dos mesmos produtores dos sucessos It – A Coisa (2017), A Morte do Demônio (2013) e Noites Brutais (2022).

É divertido, empolgante, sangrento e uma aventura única

Contra o Mundo: ação, muito sangue e um humor único marcam a estreia de um longa empolgante mas superficial {Crítica}
Imagem: Divulgação / Paris Filmes

O humor é o principal fator deste longa, e creio que é por ele que você vai escolhê-lo (é meu palpite, dá licença). Se for, você estará bem servido de um viés cômico muito peculiar, às vezes um pouco exagerado, outros, um pouco non-sense, mas com uma personalidade única para se entrelaçar na história e dar o tom certo para a aventura de Boy na terra de mortes, sangue e vingança. Pra começar, sim, o protagonista da história não tem um nome, indo de encontro com sua história conturbada e levando-o a uma jornada de busca e conhecimento por si mesmo. Este é só um detalhe no meio de um enredo muito intenso em que não dá muito tempo para pensarmos neste elemento, mas nos dá muitos motivos para criar inúmeras teorias e tentar adivinhar o desenrolar da história. O que impressiona são as reviravoltas e as voltas que o mundo dá que nos viram de cabeça para baixo — e este é um ponto positivo deste longa que o torna interessante e empolgante. 

De Kill-Bill à Naruto — as referências icônicas e muito bem exploradas 

Contra o Mundo: ação, muito sangue e um humor único marcam a estreia de um longa empolgante mas superficial {Crítica}
Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Luta, sangue, vingança, bons diálogos, personagens secundários icônicos e referências que irão deixar você em êxtase por acompanhar este longa. Sabemos que Kill Bill é uma referência pesadíssima e o culto à uma boa e intensa luta cheia de sangue e espadas mortais afiadíssimas. Talvez, olhando por este lado, tenha faltado um pouco da tensão e a calma nas câmeras, olhares e takes precisos que nossa musa sangrenta usa para matar. Mas são outros tempos, outra premissa e uma pressa e ansiedade irremediável de matar. Para complementar, poucas mas outras boas referências à Naruto, Jogos Vorazes, Kick-Ass e até mesmo Avatar: A Lenda de Aang, nosso carequinha favorito.

Bill Skarsgård atua sem palavras e pouco convincente nas expressões 

Contra o Mundo: ação, muito sangue e um humor único marcam a estreia de um longa empolgante mas superficial {Crítica}
Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Para um personagem surdo e que não fala, se faz extremamente necessária a interpretação tomar o lugar de triunfo no longa. Em vez disso, temos uma voz narradora da história que se torna a personalidade do personagem, destoando da atuação de Boy e o tiro saindo pela culatra. O longa talvez levanta muitas perguntas neste ponto que não consegue responder, deixando o espectador confuso ao se deparar com um protagonista ainda perdido em seu propósito. Mas fiquei pensando que talvez esta seja a proposta que o filme também queira passar — de um personagem ainda perdido com sua história e que passe esta imaturidade e falta de experiência com interações sociais para casar com o enredo do filme. Tudo é perspectiva, não é? Espero.   

O elenco traz interpretações de peso e personagens marcantes 

Na contramão de Boy, temos personagens na história que entregam carisma, autenticidade, maldade na medida certa. O que mais nos arrebata mesmo, é o vigor e instinto assassino comandado por Jessica Rothe, que interpreta a temida e implacável June 27. Jessica Rothe é o acerto do longa e, se trocasse de lugar com Boy na história, seria um longa ainda mais interessante, acredite. Jessica mesmo com um capacete inteligente, consegue convencer e marcar sua presença em cada cena, onde o espectador anseia por sua aparição pois sabe que entrega qualidade na atuação.

Contra o Mundo: ação, muito sangue e um humor único marcam a estreia de um longa empolgante mas superficial {Crítica}
Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Já Michelle Dockery (Melanie Van Der Koy), entrega uma personagem impecável nos detalhes, linda e elegante mas irritante em sua bravura e implacabilidade. Famke Janssen, nossa Hilda Van Der Koy, poderia ter mais tempo de tela e deixar sua marca no longa, já que a interpretação intensa desta atriz grandiosa impressiona e dá peso para uma obra, mas acredito que não quiseram usar disso, o que é uma pena, pois Famke tem uma personagem com muito potencial no longa. Brett Gelman, como Glen Van Der Koy, é outro acerto que trouxe o jeito único do ator que sobressai em todo e qualquer personagem — assim como sua presença em Stranger Things que deixa tudo mais divertido. E claro, não posso deixar de exaltar a mini-maioral Quinn Copeland, que interpreta Mina, a consciência de Boy na forma de sua irmã morta. Quinn é um primor, é o ponto de personalidade que agrega muito na jornada de Boy.

Contra o Mundo: ação, muito sangue e um humor único marcam a estreia de um longa empolgante mas superficial {Crítica}
Imagem: Divulgação / Paris Filmes

“Contra o Mundo” traz para o cinema a arte da luta e ação na mais pura forma e carregada de humor  

Contra o Mundo: ação, muito sangue e um humor único marcam a estreia de um longa empolgante mas superficial {Crítica}
Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Embora tenha seus problemas de atuação, desenvolvimento ainda superficial e falta de aprofundamento de personagens, “Contra o Mundo” é uma escolha divertida para o cinema e traz um gostinho de nostalgia com uma pegada Sessão da Tarde para os entusiastas de plantão. Particularmente, me irrito fácil com filmes de herói com humor. Mas neste caso, temos um garoto comum, bastante musculoso, sem poderes ou armas milagrosas, com uma voz narradora cheia de personalidade e uma jornada complexa em busca de sua história, então este foi um longa que mais entregou entretenimento do que irritou, ao contrário de insuportáveis do cinema como, cof cof, DeadPool. O veredito aqui é claro, “Contra o Mundo” é uma boa obra de ação e comédia e fez um bom trabalho, da sua maneira, contando a história também da sua maneira. Que este seja não um equívoco, mas uma chance de desenvolver ainda mais a jornada de Boy e trazer aventuras épicas para criar fãs saudosos.

Confira abaixo o trailer oficial de Contra o Mundo (2024), que estreia nos cinemas em 25 de Abril de 2024.

Escrito por

Alison Henrique

Publicitário, Empresário, Dançarino, Cantor, Estudante de Filosofia e, claro, APAIXONADO por Cinema, Arte, Música e Livros. Crítico de Cinema aqui no {Des}Construindo o Verbo com muito sentimento, emoção e boas reflexões pra gente mergulhar nas obras do cinema contemporâneo. Seja Ficção, Drama, Romance, DC, Marvel, Ficção Científica, Bom, Ruim, Médio ou Péssimo. A gente sempre vai se encontrar por aqui pra discutir um pouco sobre tudo. Instagram: @alisonxhenrique.