Hollywood é sempre um espetáculo à parte quando nos referimos a grandes astros e estrelas da indústria. Não disse qual o tipo de espetáculo, calma. Entre um show de horrores e outro (de preconceito, segregação, exploração, enfim, né?), a indústria de Hollywood fazia tudo pela magia do cinema e pela perfeição de boas produções. É nesse cenário que viajamos para os anos 20 para acompanhar não só a evolução e revolução do cinema, mas a festa caótica e incessante envolta de excessos, jazz, banquetes, drogas, orgias e todos os pecados dignos de uma verdadeira Babilônia, a capital do império babilônico que é símbolo da ganância, degradação moral, materialismo e tudo o que é imoral. Em um caos completo, Babilônia nos imerge em uma experiência surreal e arrebatadora com cerca de 3 horas de duração. Seus excessos gostam de pecar na duração, para entregar um pecado digno do maior castigo divino possível – o pecado de levar o cinema à perfeição. 

Um longa feito para te prender

Caso você tenha preocupações com a duração de Babilônia, que possui cerca de 3h10 de duração, quero te tranquilizar. O longa foi feito para ser apreciado em cada mínima cena. É incrível o poder de Babilônia contar uma história em uma cronologia empolgante e um ritmo que te prende em tantos acontecimentos hora hilários, hora absurdos e, claro, sempre emocionantes. 

Babilônia é um tipo de filme que arrasta as premiações e não deixa de levar um Oscar pra casa. Sua construção é precisa e diria até que sem furos. Com um roteiro brilhante com começo, meio, caos e fim; o longa traz na direção as mãos brilhantes e premiadas de Damien Chazelle, conduzindo a obra a um frenesi artístico, caótico e imortal. Espero que esteja preparado para esta viagem. 

A trilha sonora dá o tom digno de uma grande orquestra

Não à toa temos aqui um grande ode à La La Land (2016), um musical que não só deu ao diretor Damien Chazelle um Oscar de melhor direção, como ganhou o Oscar de melhor trilha sonora original e outros quatro prêmios. Devo dizer que Justin Hurwitz, o glorioso e talentoso compositor também de La La Land, entregaem Babilônia uma excelência irreparável na sua trilha sonora, que aliás, fiquei extremamente apaixonado e não paro de ouvir a Playlist oficial do filme.

Justin simplesmente faz um trabalho impecável ditando o ritmo das cenas através de composições que nos deixam em êxtase e nos envolvem nas cenas. Até mesmo nas cenas que pedem uma certa dramaticidade, Justin desconstrói as emoções e nos deixa em total estado e confusão nos sentimentos. Simplesmente única a experiência de imergir em uma obra com uma estética sonora tão potente e eficaz. 

Margot Robbie está à altura do longa assim como o longa está à altura de Margot Robbie 

Se um dia não houveram obras que exaltassem o talento e o poder de Margot Robbie na tela do cinema, com certeza Babilônia fez isso com gosto. Não dá pra dizer que chegamos no auge da atuação de Margot, pois essa mulher sempre arranja um jeito de nos surpreender ainda mais. Digo isso contando as horas para ver sua grandiosidade em Barbie (2023), que será sem dúvidas o acontecimento do ano nos cinemas – Babilônia, eu juro que seu lugar já está garantido no Oscar, com, no mínimo, 12 indicações. 

Mas o que estou querendo dizer é que, Margot entrega uma atuação de carreiras com sua complexa personagem, Nellie LaRoy, uma atriz caótica que invade as cenas como um vulcão em erupção e causa uma devastação estratosférica na história. Que Margot Robbie é marcante, nós já sabemos, agora precisa esfregar isso na nossa cara? Eu amei, confesso. Esta mulher sempre terá sucesso por qualquer obra que passar. Sua entrega é a coisa mais linda que já presenciei no cinema. Sem mentir e sem exagerar. 

Precisamos falar sobre Diego Calva 

Um homem entre milhões. Diego Calva é o maravilhoso Manny, personagem que mais encanta no longa e, principalmente, dita o tom de Babilônia. É simplesmente mágico o movimento de Diego na narrativa e sua interpretação levanta um certo fascínio pelo personagem enigmático, hilário, inovador e apaixonante que Manny é. Eu simplesmente não consegui tirar os olhos de Diego nas cenas em que seu olhar profundo se destacava. Foi lindo presenciar a diferença que este trouxe para o elenco.

Em contrapartida, temos também a presença de Brad Pitt que não passa despercebida no longa, mas também não torna marcante sua aparição na trama. Brad em seu papel como Jack Conrad, entrega um personagem que alterna entre megalomania e melancolia – uma junção interessante.

Cenas que percorrem facilmente entre todas as emoções e sentimentos 

Medo, angústia, excitação, ansiedade, espanto, surpresa, nojo, espanto, confusão, nervosismo e um arrebatamento certeiro entre tantos acontecimentos. Babilônia é capaz de acessar todas as nossas emoções e acessar facilmente nossos sentimentos durante todo o filme. “Ah mas eu não me impressiono facilmente” pois então pode se preparar. Vem aí uma coisa muito forte. Se agarra no braço dessa cadeira do cinema, derrete esse coração de gelo e se prepara pra sentir. 

Vou te contar, basicamente, que não estava preparado para presenciar tanta coisa em 3 horas de filme. São cenas chocantes, momentos hilários, absurdos, assustadores, inebriantes, estranhos, nojentos, desconfortáveis, enfim, dá pra se perder em tantas emoções. 

Babilônia é complexo demais para um veredito final 

A verdade é que é impossível dar um julgamento final para uma obra que carrega uma complexidade na narrativa, referências cinematográficas, estrutura visual e sonora, estética, elenco impecável, enfim, no conjunto da obra e toda a sua extensão e pluralidade. Seu propósito é mostrar não só o cinema em sua essência, mas de nos puxar para o caos da vida real que dá forma aos filmes, aquela vida cheia de cores que existe por trás dos bastidores e das películas do cinema mudo e preto e branco. 

Babilônia é a mais pura manifestação da sétima arte. É o encontro da vida real com a perfeição do cinema. É a eternização da vida na história para que a história transforme vidas. E é, principalmente, um acontecimento que nos mostra que o cinema é maior que qualquer um de nós e não nos cabe querer controlá-lo. A arte existe como ela é, assim como a vida.  

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Confira abaixo o trailer oficial de Babilônia (2023), que estreia nos cinemas nesta quinta, 19 de Janeiro de 2023. 

Escrito por

Alison Henrique

Publicitário, Empresário, Dançarino, Cantor, Estudante de Filosofia e, claro, APAIXONADO por Cinema, Arte, Música e Livros. Crítico de Cinema aqui no {Des}Construindo o Verbo com muito sentimento, emoção e boas reflexões pra gente mergulhar nas obras do cinema contemporâneo. Seja Ficção, Drama, Romance, DC, Marvel, Ficção Científica, Bom, Ruim, Médio ou Péssimo. A gente sempre vai se encontrar por aqui pra discutir um pouco sobre tudo. Instagram: @alisonxhenrique.