O Existencialismo, uma vertente filosófica que busca entender o processo de construção humana através da existência, apareceu pela primeira vez para mim no ano de 2011, através do longa Waking Life (2001), uma animação profunda, existencial e complexa — um banho de água fria para mentes inquietas. Mas por qual motivo a existência humana pode pesar tanto? O que a filosofia tem para nos mostrar nesses casos? “Se esse mundo existe, graças a Deus, por que existe? Porque graças a Deus nós fizemos o mundo, graças a Deus.”. Sim, Inês Brasil foi uma existencialista nata nesse discurso, afirmando que a existência do mundo se deu por nós, os responsáveis pela criação. E assim como a personalidade única da panterona do Brasil, Wes Anderson possui uma estética única (e impecável) e um jeito único de fazer filmes. Não diferente, Asteroid City (2023) é mais uma de tantas obras fantásticas do cineasta, que se supera a cada produção. O longa é uma tríade de narrativas que questiona, contempla e desenha a existência humana. Estão preparados para esta viagem? 

Sinopse

ASTEROID CITY decorre numa cidade ficcional em pleno deserto americano, por volta de 1955. O itinerário de uma convenção de Observadores Cósmicos Jr./Cadetes Espaciais (organizada com o objetivo de juntar estudantes e pais de todo o país para uma competição escolar com oferta de bolsas escolares) é espetacularmente perturbado por eventos que mudarão o mundo.

Um roteiro que entrelaça uma narrativa espetacular

Desde o filme Inception (2010), não via uma obra que navega por diferentes contextos com maestria e coesão — todos conectados para criar uma narrativa forte e cheia de detalhes, formando uma obra complexa e, principalmente, completa. 

Divulgação / Universal Pictures

Asteroid City caminha na velocidade da luz para nos trazer uma ficção linda, sensível, profunda e cheia de minuciosidades, além de uma estética perfeita a là Wes Anderson, claro. A história é espetacular, prendendo a atenção de uma forma que nos absorve para um universo inabitável das relações humanas que se cruzam e causam um abalo sísmico das emoções e sentimentos. 

A cada cena contraposta à outra, a cada novo capítulo da história, cada novo passo e cada novo dia dentro da história, é incrível como imergimos em algo tão bonito, sincero e coerente. Wes conduziu uma orquestra cinematográfica ao dirigir o longa, trazendo uma percepção única sobre a história e nos promovendo de espectadores a participantes da história. 

A estética? Como sempre, impecável e saudosa aos olhos atentos

Asteroid City é mais uma prova do talento inigualável de Wes Anderson quando se trata de criar uma estética visualmente deslumbrante. Cada cena é cuidadosamente planejada e executada, com uma paleta de cores vibrante e uma composição visualmente equilibrada. Os cenários meticulosamente construídos transportam o espectador para um mundo único e encantador, onde cada detalhe é pensado com precisão.

A direção de arte é simplesmente magnífica, com figurinos que refletem a personalidade dos personagens e cenários que nos envolvem em uma atmosfera nostálgica e acolhedora. Os enquadramentos simétricos e os movimentos de câmera precisos são marcas registradas de Wes Anderson, e em Asteroid City, eles são utilizados de forma magistral para criar uma experiência visualmente deslumbrante.

Divulgação / Universal Pictures

Prepare-se para se maravilhar com a estética impecável de Asteroid City, onde cada cena é uma obra de arte em si mesma. É uma celebração da criatividade, da imaginação e da capacidade de contar histórias visualmente cativantes. Wes Anderson mais uma vez nos presenteia com uma experiência cinematográfica que é verdadeiramente inesquecível.

Um elenco impactante na interpretação

Asteroid City não seria a obra-prima que é sem um elenco talentoso e comprometido. Cada ator e atriz traz vida e profundidade aos personagens, mergulhando de cabeça em suas interpretações. Desde os protagonistas até os coadjuvantes, todos desempenham seus papéis com maestria, transmitindo emoções genuínas e cativando o público.

Divulgação / Universal Pictures

Uma das características marcantes de Asteroid City é a forma como as expressões faciais são exploradas. Em certos momentos, as emoções são transmitidas de maneira sutil, através de olhares e gestos delicados. Em outros momentos, a ausência de expressões faciais é utilizada de forma impactante, revelando a complexidade dos personagens e suas lutas internas. Essa abordagem única adiciona camadas adicionais à narrativa e nos convida a refletir sobre a natureza humana.

Divulgação / Universal Pictures

Fiquei simplesmente encantado e hipnotizado na atuação de Jason Schwartzman, que interpreta o personagem Augie Steenbeck na trama. Jason atua de forma gigantesca através dos olhos e sobrancelhas marcantes e deposita o peso de uma cena em suas expressões com muita vida e, ao mesmo tempo, sem vida. Como isso é possível? Não sei. Ao lado de Scarlett Johansson (Midge Campbell), a dupla dá o tom perfeito para a história e nos proporciona uma experiência surreal em assistir a existência humana e suas complexidades.

Divulgação / Universal Pictures

Outro ponto maravilhoso são as crianças e adolescentes da história, em especial Jake Ryan, interpretando o peculiar Woodrow Steenbeck. Jake é fenomenal em cada mínima expressão e nos arrebata com seu carisma e personalidade únicos. Tenho que deixar meu amor aqui também pelas crianças do filme que deram um show à parte, trazendo à tona o existencialismo através de uma visão simples e típica de uma criança, mas complexas aos olhos humanos.

O longa é um convite para o sentir e existir da vida humana na terra

Asteroid City vai além de ser apenas um filme de entretenimento. Ele nos convida a refletir sobre a nossa própria existência e a importância de cada momento vivido. Através de suas histórias entrelaçadas, somos levados a questionar o propósito da vida, a busca por significado e a forma como nos relacionamos uns com os outros.

Divulgação / Universal Pictures

Somos convidados a mergulhar em uma jornada emocional e filosófica, explorando temas como identidade, amor, perda e redenção. O filme nos lembra que cada um de nós é parte de uma teia complexa de conexões humanas, e que nossas ações e escolhas têm um impacto significativo no mundo ao nosso redor.

É um filme que nos desafia a pensar, a sentir e a refletir sobre o mundo ao nosso redor. Prepare-se para embarcar nessa viagem única e transformadora, onde a ficção e a realidade se encontram para nos mostrar o poder da imaginação e a importância de cada momento vivido.

Confira o trailer oficial de Asteroid City (2023) que estreia nesta quinta-feira, 10 de Agosto, nos cinemas do Brasil.

Escrito por

Alison Henrique

Publicitário, Empresário, Dançarino, Cantor, Estudante de Filosofia e, claro, APAIXONADO por Cinema, Arte, Música e Livros. Crítico de Cinema aqui no {Des}Construindo o Verbo com muito sentimento, emoção e boas reflexões pra gente mergulhar nas obras do cinema contemporâneo. Seja Ficção, Drama, Romance, DC, Marvel, Ficção Científica, Bom, Ruim, Médio ou Péssimo. A gente sempre vai se encontrar por aqui pra discutir um pouco sobre tudo. Instagram: @alisonxhenrique.