

Mesmo não sendo fã da franquia John Wick, me surpreendi com a forma como Bailarina consegue se sustentar por conta própria, mesmo inserida em um universo tão consolidado e específico. Confesso: assisti ao primeiro filme de John Wick anos atrás e dormi no segundo. Ainda assim, foi possível entender o contexto geral, captar os conflitos e até se envolver com a narrativa, o que já é um mérito quando se trata de um spin-off nascido de uma franquia tão famosa como essa.
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A história central gira em torno de Eve Macarro, uma protagonista “forte, mas nem tanto”, e com sede de vingança, sabe? Típico de um roteiro e direção realizados por homens (Shay Hatten e Len Wiseman, respectivamente) que se baseiam em moldes rasos de discursos de empoderamento feminino, especialmente quando o personagem John Wick aparece em cena. Nessas horas, fica claro que, apesar da intenção de construir uma figura feminina forte, o roteiro recorre ao velho clichê de que “só um homem lendário pode parar uma mulher determinada”. O paradoxo é evidente, mas talvez inevitável, considerando o peso simbólico que o personagem de Keanu Reeves já carrega para a franquia. Funciona? Até que sim, mas não sem você levantar algumas sobrancelhas e também dar aquelas reviradas de olhos.
Ana de Armas brilha com intensidade e técnica
Apesar das questões narrativas, Bailarina – Do Universo de John Wick é quase um palco para Ana de Armas mostrar do que é capaz. Ela está não só belíssima em cena, mas também impressionante fisicamente. Saber que ela passou por quatro meses de preparação intensa (com treinos de força, lutas coreografadas e armas) só torna seu desempenho ainda mais admirável. É visível o quanto ela se entrega ao papel, e isso transparece em cada sequência de combate. A performance dela sustenta o filme nos momentos em que o roteiro dá uma vacilada.


No elenco ainda temos o próprio Keanu Reeves, Anjelica Huston, Norman Reedus (que, pra mim, é um ator de um único papel, ou seja, sempre interpreta o personagem Daryl Dixon – de The Walking Dead – em diferentes contextos kkkkk), o já conhecido da franquia Ian David McShane (sendo quem comanda o famoso hotel para assassinos, O Continental) e Gabriel James Byrne (que faz o vilão nada amedrontador do filme).
Efeitos precisos dentro da estética que carrega a assinatura do Diretor
Se tem algo que a produção entrega com segurança, são as cenas de luta. As coreografias são bem pensadas, brutais e estilizadas, no melhor estilo que se espera de um universo focado em ação. A fotografia também é um dos pontos altos: bem carregada, quase gótica, o que já denuncia a mão do diretor Len Wiseman, conhecido pelo icônico Anjos da Noite (de 2003). A estética sombria e muito bem refinada casa bem com o tom do filme, criando um ambiente visualmente cativante.


Os efeitos visuais e sonoros também são bem executados e ajudam a dar peso à ação. Nada soa mal encaixado. Mesmo que a trama em si não seja nada revolucionária, Bailarina cumpre bem sua proposta de expandir o universo de John Wick, sem depender 100% dele. E o mais curioso? Mesmo sendo alguém que se desligou da franquia lá atrás, terminei o filme com uma vontade inesperada de revisitá-la com outro olhar. Talvez essa seja a maior vitória de Bailarina: despertar o interesse de quem já havia desistido.
Bailarina – Do Universo de John Wick já está disponível nos cinemas brasileiros.
Assista ao trailer abaixo:
Curiosidade: O universo de John Wick ficou tão famoso que, além dos filmes originais da franquia e o spin-off Bailarina, ganhou uma minissérie (em 2023) sobre o Hotel Continental, chamada O Continental: Do Mundo de John Wick, onde são reveladas as origens violentas do famoso hotel para assassinos. A minissérie está disponível na Prime Video e tem apenas 3 episódios. Vai dar seu play?
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