Sou suspeito para falar, já que canto em coral há 4 anos e já passei algumas vezes pela obra magnífica da eterna diva da ópera, Maria Callas. Esta soprano greco-americana de beleza arrebatadora, uma voz límpida e potente e interpretações de grandes complexidades, arrebatou o século XX e marcou para sempre sua voz na história. Mas se você espera ver a vida e obra de Maria Callas em uma cinebiografia apenas com glamour, é aí que você se engana. O diretor Pablo Larraín se debruça sobre os últimos dias de vida da artista e nos traz todas as suas vulnerabilidades, transpassando por seu passado para findar o presente. Tudo isso, com uma atuação avassaladora de Angelina Jolie, que retorna aos cinemas para ser nada menos que aclamada e enaltecida. Quer saber mais? Vou te contar abaixo todos os sentimentos, claro, sem spoiler. 

Sinopse

Estrelado por Angelina Jolie como MARIA CALLAS, o filme retrata a maior cantora de ópera do mundo, enquanto ela se retira para Paris depois de uma vida glamorosa e tumultuada aos olhos do público. O longa reimagina a lendária artista nos seus últimos dias, enquanto se confronta com a sua identidade e vida.

Glamour, delírios, elegância, cenários supremos e flashbacks edificantes     

A construção da cinebiografia de Maria Callas é algo complexo e com muitas camadas. A começar por sua residência cheia de elegância e detalhes afinadíssimos, trazendo a atmosfera clássica dos anos 70 para nos presentear não só nas ambientações, mas nos looks chiquérrimos da diva. Em alguns momentos, o longa pode trazer uma perfeição exagerada que notamos pelo cabelo impecável ao acordar, mas entendo que detalhes como esses na produção são de praxe, afinal, estamos falando de uma lenda. A par disso, a proposta deste filme é executar uma obra com equilíbrio muito bonito e louvável entre os fatos, flashbacks, dias difíceis de Maria e um modo de contar a história que nos envolve de forma linda e empática, principalmente pela interpretação de Angelina, que deixa tudo ainda mais profundo. 

Como entendedor, digo: faltou trabalho de dublagem para canto de ópera

Como um dançarino que dança, um fumante que fuma e um publicitário que engana, vos digo: faltou trabalho de canto. Angelina por mais que tentou entregar uma personagem completa, e vejo isso nitidamente, não convenceu ao dublar diversas músicas. Digo isso pois sei como uma soprano posiciona-se no canto, como é sua posição, como a musculatura facial fala por si ao cantar ópera, como a boca se mexe e o corpo acompanha em uníssono toda a performance. Já assisti diversas apresentações de Maria Callas e fica nítida a diferença. Talvez com um trabalho especializado, poderiam diminuir o impacto desta dublagem nas performances para deixá-las ainda mais arrebatadoras. 

Angelina Jolie entrega atuação da carreira de forma grandiosa e madura 

Após aparecer estonteante no longa mais injustiçado da história da humanidade, vulgo Eternos (2021), Angelina Jolie finalmente tem um papel à sua altura e faz juz a esta oportunidade. Em uma interpretação complexa como Maria Callas, Angelina se desafia nos palcos e se transforma completamente, no olhar, nas expressões e no andar antes majestoso e imponente, mas agora cansado debilitado de Maria. Ela consegue absorver para si um ego pesado e ferido, um orgulho incurável, uma necessidade de validação, um vício por entorpecentes, uma solidão extrema e tantas outras camadas. Angelina entrega o que não estávamos esperando, mas agora vamos sentir de forma profunda pelo retrato tão respeitoso e grandioso da cantora de ópera mais famosa do mundo. 

‘Maria Callas’ é uma cinebiografia esplêndida e à altura do maior ícone da ópera 

O longa enaltece de forma única e consegue apresentar a vida conturbada e o gênio indomável, livre e absurdamente fascinante da diva Maria Callas, eternizando sua presença através da performance poderosa do nosso patrimônio em forma de atriz, Angelina Jolie. Eu não cansarei de rasgar elogios a este filme pois, realmente, consegue cumprir seu papel como uma excelente cinebiografia, que não precisa ser um grande espetáculo, mas contar a história de um artista da forma mais humana possível, expor os sentimentos humanos e ir além do glamour que já existia na época. Acredito que este é um dos pontos principais que me faz enaltecer ‘Maria Callas’ e me apaixonar ainda mais por Angelina. Ela sabe que venceu.

Confira abaixo o trailer oficial de Maria Callas, que estreia nesta quinta-feira, 16 de janeiro de 2025, nos cinemas de todo o Brasil.

Escrito por

Alison Henrique

Publicitário, Empresário, Dançarino, Cantor, Estudante de Filosofia e, claro, APAIXONADO por Cinema, Arte, Música e Livros. Crítico de Cinema aqui no {Des}Construindo o Verbo com muito sentimento, emoção e boas reflexões pra gente mergulhar nas obras do cinema contemporâneo. Seja Ficção, Drama, Romance, DC, Marvel, Ficção Científica, Bom, Ruim, Médio ou Péssimo. A gente sempre vai se encontrar por aqui pra discutir um pouco sobre tudo. Instagram: @alisonxhenrique.