Falar sobre a franquia Digimon é como revisitar memórias preciosas da infância, um vínculo que cresceu conosco ao longo dos anos. Para mim, e para muitos fãs da franquia, “Digimon” é mais do que apenas uma série animada. É um mundo que cresceu comigo, amadureceu ao meu lado e sempre soube despertar aquele sentimento nostálgico, mesmo mais de 25 anos depois do seu lançamento e acredito que assim como eu, muitos fãs têm um carinho ainda mais especial pelos personagens da saga “Adventure”
Após a impactante despedida de “Digimon Last Evolution: Kizuna“, que trouxe o “fim” das jornadas dos digiescolhidos originais (Tai, Mimi, Matt, Sora, Izzy e Joe), a expectativa para o novo filme era palpável. Agora no ano 2012, cerca de 11 anos após os eventos da segunda geração de Digiescolhidos, somos apresentados ao retorno de Davis, Ken, Yolei, Kari, TK e Cody, que seguem suas vidas ao lado de seus parceiros digitais.
A trama se desdobra com a aparição de um digitama sobre uma torre em Tóquio, desencadeando a entrada em cena de um jovem enigmático, Lui Ohwada, que alega ser o primeiro digiescolhido. Segundo Lui, seu digimon, Ukkomon, que possuía a habilidade de conceder desejos, foi morto por ele e a aparição do digitama parece estar relacionado a isso. Por meio de viagens no tempo e alguns flashbacks entendemos um pouco melhor sobre o passado doloroso de Lui e sua relação com o seu parceiro digital e definitivamente a história de Lui é um dos momentos mais pesados e densos de toda a franquia.
O filme traz à tona uma questão intrigante sobre a verdadeira essência da relação entre humanos e Digimons. Questiona se essa ligação é construída como qualquer outra relação comum ou se foi algo premeditado por uma “força maior”. A narrativa se mostra madura, densa e sombria em certos pontos, claramente voltada para o público adulto que cresceu assistindo Digimon na infância.
Digimon sempre se destacou por explorar profundamente as relações interpessoais, o desenvolvimento dos personagens e os sentimentos de forma madura, mesmo sendo direcionado ao público infantil. No entanto, em “Digimon Adventure 02: The Beginning”, o único personagem com um arco dramático mais bem trabalhado é Lui, o novo personagem. Os Digiescolhidos que já conhecemos parecem atuar apenas como coadjuvantes, sem grandes revelações sobre suas vidas nesses 11 anos ou sobre suas jornadas de amadurecimento.
Por se tratar de um filme mais emocional, as cenas de batalha acabam sendo menos frequentes, o que pode decepcionar alguns fãs. Ainda mais quando prestamos atenção na qualidade da animação, visualmente, o filme é um deleite para os olhos. A remasterização das animações clássicas com a tecnologia atual é um mergulho nostálgico, evocando lembranças e, ao mesmo tempo, apresentando um frescor renovado.
Ainda assim, após assistir “Digimon Adventure 02: The Beginning”, fica claro que ele não alcança a mesma carga emocional de seu antecessor. Sua conclusão, de certa forma, tira um pouco do peso deixado pelo final de “Digimon Last Evolution: Kizuna”.Pareceu que a perda que os digiescolhidos originais tiveram na sua história de conclusão, não tivesse mais um porquê no final dessa sequência. É inevitável não comparar os dois filmes; enquanto “Last Evolution” carrega uma importância imensa para a franquia, “The Beginning” parece ser apenas um episódio filler.