2023 tem sido um bom ano para as produções do gênero terror nos cinemas, principalmente após o sucesso de “Fale Comigo”. Talvez não um sucesso estrondoso de bilheteria, mas de fato uma produção muito bem feita e bem sucedida. Mas o problema surge quando as franquias de terror decidem fazer um segundo filme — o que quase sempre termina em fracasso. Perder o fôlego e se perder na história são pontos em comum de franquias que tinham tudo para dar certo. Talvez por conta da pressa em entregar o roteiro e finalizar a produção? Prazos impossíveis? Falta de tempo para criação visando a qualidade do trabalho? Quem sabe, né. Mas na real, o que podemos esperar de A Freira 2, o segundo filme da franquia? A meia-noite te conto um segredo.
Sinopse do filme:
Em 1956, na França, um padre é assassinado e parece que um mal está se espalhando. Determinada a deter o maligno, irmã Irene investiga uma série de eventos sobrenaturais que partem de um convento na Romênia. O que ela encontra é um mal antigo e aterrorizante que ameaça sua fé e a vida de todos. Mais uma vez, Irmã Irene fica cara a cara com uma força demoníaca para enfrentá-la e detê-la.
Um roteiro perdido e sem profundidade
Um roteiro sempre tem muito a dizer sobre o longa, principalmente pelo desenrolar de fatos e pela velocidade e quantidade de acontecimentos. Em A Freira 2 vemos muitas decisões e atos dos personagens que ignoram a lógica dos fatos, culminando em soluções totalmente aleatórias e descontextualizadas. É enorme a falta de comprometimento em construir uma narrativa mais profunda, coesa e com mais sentido, resultando em um filme que talvez faça você perder o interesse em diversos momentos — e esta é uma das piores sensações em assistir um filme.
Uma história bastante confusa
Além do roteiro fraco, a história de A Freira 2 é bastante confusa. A trama se perde em subtramas desnecessárias e muitos acontecimentos previsíveis, deixando o espectador desorientado e desconectado de toda a narrativa. A falta de clareza e coesão prejudica a conexão com a história do filme e dificulta o envolvimento emocional com os personagens.
Talvez o que eu tenha percebido em diversos momentos foi uma reunião de clichês de terror que mal se conectam entre si. Além de ser muita coisa aleatória para processar, o longa acaba por entregar muita coisa já mastigada para quem é fã do gênero, o que faz a obra ficar desinteressante até certo ponto.
Além disso, temos um conjunto de elementos mal integrados, personagens sem profundidade, cenas mal dirigidas, personagens perdidos no meio da história, interpretações ruins de alguns (pasme) e um demônio totalmente superficial que não entrega medo, mas movimentos confusos e sem um propósito claro.
Definitivamente o elenco não foi o ponto forte do longa
Infelizmente, o elenco de A Freira 2 não consegue salvar o filme. As atuações são em sua maioria superficiais e pouco convincentes, não transmitindo a tensão e o medo necessários para um filme de terror. A falta de química entre os atores também é evidente, prejudicando as interações e os momentos de suspense. Até mesmo as interações entre as protagonistas do filme deixam a desejar, então não conseguimos nos apaixonar pela jornada dos personagens, por suas histórias ou por sua personalidade. Falta carisma, características precisas e profundidade.
Storm Reid foi um desperdício na franquia
Uma das maiores decepções de A Freira 2 é o desperdício do talento de Storm Reid. A atriz, conhecida por sua performance marcante principalmente na série Euphoria (2019), não teve uma oportunidade de brilhar neste longa. Sua personagem é mal desenvolvida e não contribui significativamente para a trama, deixando uma sensação de desperdício de potencial.
Acredito que, principalmente, a inclusão de Storm tenha se dado para preencher uma cota de diversidade no filme, já que temos um elenco majoritariamente branco, inclusive no orfanato onde não existe sequer uma menina negra. Tentativa falha e triste de presenciar isso em pleno 2023.
Taissa Farmiga brilhou como Irmã Irene
Apesar das falhas do filme, é importante enaltecermos a atuação de Taissa Farmiga como Irmã Irene. A atriz consegue trazer um pouco de vida e carisma para sua personagem, tornando-a uma das poucas partes positivas do longa. Sua presença em cena é cativante e sua interpretação transmite a vulnerabilidade e a coragem necessárias para enfrentar o mal que assola o convento. Uma pena Taissa ter trabalhado com um material tão ruim em mãos que não está a altura de seu talento e de Storm, já que a dupla poderia ter se transformado talvez, sei lá, em uma nova Van Helsing.
Um dos piores filmes de terror do ano até agora?
Infelizmente, A Freira 2 se destaca como um dos piores filmes de terror do ano até agora. Com um roteiro perdido, uma história confusa e atuações pouco convincentes, o filme não consegue entregar o suspense e o terror que promete. Não chegou nem aos pés do primeiro filme, uma pena, já que a primeira parte da história é incrível e muito bem construída. O longa se tornou uma experiência decepcionante e esquecível, que não acrescenta algo útil ao gênero.
Confira o trailer oficial de A Freira 2 (2023) que estreia nesta quinta-feira, 7 de Setembro, nos cinemas do Brasil.