Se você, assim como eu, ama animações, com certeza já deve ter visto vários filmes em stop-motion, certo? Mas, você sabia que existem diferentes tipos de técnicas para fazer filmes em stop-motion? Hoje vim falar de uma das mais populares, mas que muitas pessoas não conhecer o seu nome, a claymation. Basicamente claymation é o que dá vida aos filmes de animação em massinha.
Nesse post conto um pouco sobre ela e dou algumas dicas de filmes que você precisa assistir.
O que é claymation?
O termo “claymation” foi criado por Will Vinton para descrever o seu próprio estilo de animação em argila, mas que acabou se popularizando entre os demais profissionais para descrever a tecnica de animação em stop-motion que utiliza modelos 3D esculpidos em argila de plasticina que podem ser posicionados e reposicionados em diferentes poses. Normalmente são utilizados esqueletos de arames, conhecidos como armadura, para dar firmeza a esses modelos. É organizado em um conjunto onde é movido uma pequena porção de cada vez. Para criar a aparência de continuidade, os objetos podem permanecer iluminados e posicionados corretamente o tempo todo.
Não apenas todos os personagens, animais e edifícios precisam ser criados, muitas vezes resultando em centenas de modelos, mas essas figuras precisam ser meticulosamente movidas, muito levemente, enquanto cada quadro individual é capturado, o que torna uma técnica muito difícil de ser feita e que por isso não temos tantos filmes em claymation até hoje. Dá só uma olha nesse vídeo que explica o quão trabalhoso é:
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A história do Claymation
Quando comparamos o claymation na história da animação, dá para dizer que ainda é uma técnica bastante recente. Para vocês terem uma ideia, “Branca de Neve e Os Sete Anões”, primeiro longa-metragem animado, foi lançado em 1937. Já o clássico comunista, “A Fuga das Galinhas”, a primeira animação a usar a técnica no cinema foi lançada em 2000, mais de 60 anos depois. Mas é claro que até vermos Ginger e suas amigas armando planos para não virarem tortas, muita coisa rolou na história do claymation.
Uma breve linha do tempo
Tudo começa em 1897 com a criação da plasticina, argila de modelar à base de óleo e que se tornaria a argila padrão usada na maioria dos filmes. Nessa mesma época a animação tradicional estava começando a ser desenvolvida e por alguma razão o claymation acabou sendo apagado de todo o movimento da animação.
O primeiro filme a utilizar a técnica, foi o curta “Sculptor ‘s Nightmare” (Pesadelo do Escultor), de 1908, que combinava elementos live-action com claymation. Na história, acompanhamos um clube político discutindo quem substituiria Theodore Roosevelt como presidente e consequentemente qual busto eles precisariam colocar no lugar.
Já em 1926, Joseph Sun dá a vida a o curta “Long Live The Bull”, onde dessa vez é utilizando apenas claymation e que conta a história de um jovem disposto a lutar contra um touro para impressionar e conquistar o coração da crush.
Em 1955, o mundo conhece Gumby, uma figura humanoide animada com argila e que ganharia não apenas filmes, mas também jogos de videogame. Em 1973, foi fundada a Aardman Animations, que criou segmentos à base de argila para programas de televisão.
Aardman Animations foi uma das grandes responsáveis pela popularização do Claymation, primeira dando a vida a dupla icônica Wallace & Gromit, que ganhou uma série de curtas até enfim dar a vida ao nosso querido “A Fuga das Galinhas”.
Alguns anos depois, o estúdio de animação Laika, dá um upgrade na técnica e em vez de criar os personagens à mão, passou a utilizar impressão 3D para desenvolver diversas expressões faciais para os personagens, onde era trocada uma expressão pela seguinte, causando um movimento mais fluido e suave na hora que os personagens estivessem falando. Laika inclusive foi o estúdio responsável por animações icônicas como “Coraline” e “ParaNorman”.
O futuro do Claymation
Com o passar dos anos o Claymation vem ficando cada vez mais digitalizados. . Tanto os pequenos projetos quanto os de grande orçamento continuam a encontrar maneiras novas e inovadoras de combinar modelos tradicionais com outras metodologias de produção de filmes digitais, como telas verdes e softwares de animação de personagens 3D.
Um exemplo claro é o filme Link Perdido, como podemos ver nesse making-off abaixo. A equipe faz uma combinação perfeita entre o digital e o “real” através do claymation, proporcionando que o longa tenha cenas mais complexas envolvendo água, ação e movimento, além de ajudar a acelerar a produção.
4 filmes para entender o Claymation
A Fuga das Galinhas
omo dito anteriormente, “A Fuga das Galinhas” é o primeiro filme totalmente em Claymation a ser lançado nos cinemas. Ele conta a história de uma “população de galinhas” que moram em uma granja e vivem suas vidas normalmente, até que Ginger (uma das galinhas) descobre que seus donos querem começar uma produção de torta de galinhas, ou seja, todas ali irão morrer. Ginger começa a tentar desesperadamente criar um plano para ela e suas companheiras fugirem dali, até que surge o Galo Rocky e ele simplesmente promete às galinhas ensiná-las a voar. Isso mesmo, galinhas voando. Esse é o tipo de filme que toda vez que passa na TV eu assisto e não me canso, é hilário, cheio de referências a outros filmes e repleto de humor britânico (que eu amo). Vale muito a pena assisti-lo.
Wallace e Gromitt: A batalha dos vegetais – 2005
A dupla que ajudou a popularizar o claymation também ganhou um filme para chamar de seu, inclusive eu considero uma das animações mais inteligentes e engraçadas do cinema. Ele é repleto de humor britânico, de referências a filmes como Frankstein e ainda há muita sátira de técnicas usadas em filmes de terror, e eu simplesmente adoro o humor britânico e referências sobre coisas que eu gosto. Mas o que mais me faz gargalhar nessa animação chama-se Gromit. Gromit é o cachorro mais inteligente, sarcástico e cheio de personalidade do mundo e isso tudo sem falar uma palavra, se você viu esse filme e não o ama, sinto lhe dizer, você tem sérios problemas. A história do filme é bem simples e divertida, Wallace e Gromit são donos de uma “dedetizadora” e eles estão faturando bastante, pois a Competição Anual de Vegetais Gigantes está chegando e todos os vizinhos dos dois estão paranoicos. Porém, do nada, surge um monstro gigante e assustador que começa a tirar mais o sono dos moradores da região, o Coelhosomem. E cabe aos dois heróis caçar essa fera e salvar a competição. Ele ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2006 e é um excelente filme para reunir a família e assistir todo mundo junto.
Mary e Max – Uma amizade diferente – 2009
Não se engane pelos “bonequinhos” fofinhos e aparentemente engraçadinhos, esse filme definitivamente não foi feito para crianças assistirem e provavelmente destruirá seu coração e secará suas glândulas lacrimais por um bom tempo. Nunca chorei assistindo um filme, mas com certeza esse foi o que mais me deixou comovido. A história é quase toda narrada f e conta a história de Mary uma garotinha australiana de aproximadamente 8 anos, que sofre bullying, é completamente ignorada pelos pais e se sente bastante sozinha. Certo dia ela resolve pegar uma lista de telefone dos EUA, escolhe um endereço aleatório e envia uma carta. Essa carta acaba chegando a casa de Max, um Nova Iorquino, judeu de 44 anos, gordo, que sofre do mal de Asperger e também solitário. Os dois acabam descobrindo várias coisas em comum e um acaba achando conforto nas cartas do outro. A amizade desses dois é a coisa mais linda desse mundo. O mais bacana desse filme é que ele trata de assuntos bem sérios como: alcoolismo, suicídio, depressão e coisas do gênero, mas mesmo assim não soa pessimista ou sombrio. A direção de arte desse filme também é muito bem trabalhada, toda vez que vamos acompanhar a vida de Mary a cor que predomina é o marrom (a cor favorita dela) e quando vamos vamos ver o mundo pelos olhos de Max a cor que predomina é o cinza, às vezes há um destaque pro vermelho, mas é pouca coisa e eu achei muito legal essa sacada.
Coraline e o mundo sombrio – 2009
Quando juntam o incrível Neil Gaiman com o sensacional diretor Henry Selick (o mesmo de O Estranho Mundo de Jack e não o Tim Burton como muitas pessoas acham), é lógico que iria dar um filme tão impressionante como Coraline e o Mundo Sombrio. O filme nos conta a história de Coraline, uma garotinha curiosa e um tanto hiperativa que está se mudando com a família para uma casa meio esquisita no meio do nada e uns vizinhos mais esquisitos ainda. Por conta do tédio, Coraline, decide explorar essa nova casa e acaba descobrindo uma portinha que dá pra um mundo bem mais incrível do que o dela, o único problema é que pra viver nesse mundo ela terá que tirar seus olhos e costurar botões no lugar. Como vocês podem perceber, não é um filme lá muito “fofinho”, conheço vários amigos que morrem de medo desse filme e com certeza não é um filme para se assistir com seu irmãozinho pequeno, pois ele é um tanto macabro. Mas isso não tira nem um pouco a excelência dele, é um filme incrível, um dos meus favoritos e vale muito a pena assisti-lo.
Bom pessoal, espero terem gostado dessa lista, comentem ai o que acharam e até a próxima.