A violência no Brasil é um dos principais retratos mais abordados nas produções brasileiras, seja para discutir, refletir e transformar nossa percepção sobre uma realidade dura, fria e cruel. É neste ponto que a gente encontra o longa Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia de Vingança, um drama brasileiro que aborda os traumas de um ato violento por arma de fogo. Com um roteiro que navega entre o dinamismo, o trauma, a vingança e o melodrama, temos uma narrativa densa e que desperta uma certa curiosidade e tensão no espectador.
Sinopse
Em Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança, acompanhamos uma mãe, a advogada Carla (Cláudia Abreu), que vê a filha ser baleada durante uma tentativa de assalto. A menina fica em estado grave. Sem respostas, Carla tenta seguir a vida buscando ajuda em grupos de apoio.
Uma sobriedade que te puxa para a realidade violenta do país
Além da filmagem tensa que transmite muita tensão e, em alguns momentos, desespero e angústia, Tempos de Barbárie mostra a tristeza e traumas que a violência das ruas traz para tantas famílias vítimas desse mal que assola o país. A dor de passar por um episódio como esse deixa marcas profundas e faz muitos ficaram reféns do medo e sem rumo sobre o que fazer e como lidar com situações como esta.
O descaso de uma polícia ineficiente é outro ponto que causa descaso em toda a sociedade. Especificamente no caso de Carla, gera uma raiva desmedida que leva aos extremos, dando o tom que a narrativa precisa. Afinal, a vingança pode ser a melhor terapia? Esta é a pauta que o filme levanta e desempenha um papel importante em trazer reflexões sobre os principais culpados da história.
Cláudia Abreu atua de forma majestosa e impactante
Cláudia Abreu dá um show de interpretação com a personagem Carla, trazendo os inúmeros sentimentos de alguém que passa por muita coisa e se encontra em um estado confuso e perturbador. Pendendo entre a vulnerabilidade, raiva, ódio desmedido, sede de vingança e uma tristeza profunda, Cláudia passa uma realidade fora do comum em todas as cenas, parece realidade tudo o que vive no longa ao trazer para nós uma atuação cheia de dramaticidade e um impacto surreal. Sentir sua dor ao ver o filme é um sentimento que você pode ter, além de fazer a vingança com as próprias mãos, que talvez seja um sentimento mais que real do povo brasileiro que está cansado da violência que nos assola e casos críticos que tiram a vida de pessoas ao nosso redor.
Um jogo psicológico muito bem executado
O longa caminha por uma narrativa que se transforma numa espécie de jogo psicológico, onde as vítimas e os culpados se entrelaçam numa teia de reflexões e num desenrolar de fatos imprevisível e emocionante. O modo como a história acontece deixa um suspense muito bem desenhado e capta a atenção do espectador ao gerar curiosidade e gerar uma tensão fenomenal.
Este jogo não brinca apenas com as peças do tabuleiro que são os personagens da trama, mas também com a nossa mente, criando e distorcendo os fatos, colocando um acontecimento frente ao outro para dar ilusão e realidade. Em alguns momentos a gente pensa que é uma história previsível, mas o final surpreende muito o espectador, trazendo diversas possibilidades imaginativas e indo por um caminho contrário ao que estamos acostumados.
Tempos de Barbárie é denso e real
Mais difícil que um jornal local popular, em um canal popular, que mostra as tragédias do cotidiano que derramam medo na vida do brasileiro. Este longa é um retrato real que traz a ficção para questionar o verdadeiro culpado de um ato de violência, afinal, é quem deu o tiro ou quem vendeu a arma? É a ausência do estado que não oferece programas de inclusão importantes para integração e humanização da população? Seja qual for, acredito que a terapia de vingança existe tanto na realidade quanto na ficção. Este é um bom ponto de discussão para a arbitrária justiça com as próprias mãos, que é perigosa, desenfreada e extremamente cruel.
Confira o trailer oficial de Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia de Vingança (2023) que estreia nesta quinta-feira, 17 de Agosto, nos cinemas do Brasil.