Silo 2ª temporada

Se você, assim como eu, foi fisgado pela primeira temporada de Silo, provavelmente estava ansioso para ver como a história iria se desenrolar nesta segunda temporada. A ficção científica baseada nos romances distópicos de Hugh Howey nos apresentou a um mundo subterrâneo onde as últimas 10.000 pessoas da Terra tentam sobreviver após um evento apocalíptico tornar a superfície inabitável. A dinâmica de poder, segredos sombrios e relações humanas complexas fizeram dessa série um prato cheio para quem gosta de histórias que equilibram entretenimento e reflexão.

A trama da segunda temporada começa exatamente onde a primeira termina: Juliette fora do Silo, enfrentando o ambiente hostil e descobrindo que o mundo externo realmente está dizimado. Sua jornada a leva a encontrar um novo silo, enquanto dentro do Silo principal, sua ausência desencadeia uma série de eventos que prometem mudar tudo. A população começa a questionar as verdades que lhes foram contadas, enquanto a tensão cresce em meio a uma rebelião iminente. Mas será que a série conseguiu manter o ritmo e o impacto da primeira temporada? Vamos por partes.

Leia também: Maria: Longa doloroso e vulnerável torna-se estupendo com atuação de Angelina Jolie {Crítica}

Um Começo Mais Arrastado

Não é segredo que a primeira temporada foi amplamente elogiada pelo público e pela crítica. A série conquistou muita gente ao construir um mundo intrigante e cheio de mistérios. Eu mesmo fiquei fascinado com a ideia de um silo subterrâneo, onde as regras são tão rígidas que qualquer um que questione o sistema corre o risco de ser expulso – uma sentença de morte certa. Essa combinação de suspense e reflexão social foi o que me prendeu.

Então, quando a segunda temporada começou com Juliette fora do silo, confesso que esperava algo mais ágil. Embora Rebeca Ferguson continue brilhante no papel da protagonista, seu arco é, infelizmente, o ponto mais fraco dessa temporada. A história demora a engrenar, e quando Juliette finalmente alcança seu objetivo, a sensação é que o desenvolvimento poderia ter sido mais rápido. Enquanto isso, dentro do silo, as coisas estão prestes a explodir – e aqui está o verdadeiro coração desta temporada.

O Silo em Chamas (Metaforicamente)

Com a saída de Juliette, a população do silo começa a questionar as regras impostas pelo prefeito Bernard. Juliette se torna uma figura quase messiânica para muitos – uma prova viva de que talvez a superfície não seja tão mortal quanto eles acreditavam. Isso é o suficiente para acender o pavio de uma rebelião.

A dinâmica política dentro do silo é onde a temporada realmente brilha. Personagens que antes pareciam secundários ganham profundidade e novos papéis. Alianças são desfeitas, traições surgem, e cada um luta para garantir sua própria sobrevivência. A tensão aumenta a cada episódio, e é fascinante ver até onde alguns personagens estão dispostos a ir para proteger aqueles que amam ou para garantir seu próprio futuro.

Por outro lado, o prefeito Bernard, colocado como o grande vilão, apresenta um dilema intrigante. Ele segue rigidamente o pacto dos fundadores, acreditando que manter a população no escuro sobre o mundo exterior é a única forma de preservar a ordem. No entanto, diante do caos crescente, sua insistência em seguir as regras à risca começa a parecer cada vez menos plausível. O que torna isso ainda mais curioso é que ele não tem conhecimento de uma verdade chocante descoberta por Lucas Kyle: existe uma razão legítima para manter o pacto, mas Bernard simplesmente não sabe disso. Essa desconexão entre suas ações e a lógica por trás delas enfraquece seus argumentos e o coloca em uma posição moral questionável.

O Dilema do Mundo Exterior

Uma das questões mais intrigantes da série é porque os líderes do silo mantêm sua população no escuro sobre o mundo exterior. Já sabemos que a superfície é um lugar perigoso, então por que esconder o passado? Por que suprimir livros, relíquias e conhecimentos que poderiam ajudar as pessoas a entender melhor sua situação?

Além disso, nesta temporada, descobrimos que o Silo onde a história principal acontece não é único. Existem outros silos, cada um abrigando outras 10.000 pessoas. Essa revelação abre novas possibilidades e aumenta ainda mais a complexidade da trama. Afinal, como esses silos estão conectados? E por que todos compartilham o mesmo segredo sobre o mundo exterior?

Enquanto Juliette descobre esses novos silos fora de sua bolha original, a série levanta questões maiores sobre o propósito desses enclaves subterrâneos e sobre quem realmente está no controle. É um conceito que intriga e promete expandir o escopo da narrativa.

Silo 2ª temporada

Caminhos para o Futuro

O final desta temporada deixa claro que a série pode estar prestes a tomar um rumo bem diferente. Caso a adaptação siga os eventos do segundo livro da trilogia, é provável que os personagens do Silo 18, incluindo Juliette, fiquem fora de cena por um tempo. Essa decisão pode ser arriscada, mas também oferece a oportunidade de explorar outros silos e aprofundar os mistérios do universo criado por Hugh Howey.

Com novas localidades e personagens em potencial, a terceira temporada pode trazer uma perspectiva renovada para a série. Isso permite que o público entenda melhor a dimensão completa desse mundo subterrâneo e os segredos que ele esconde.

Uma Temporada de Altos e Baixos

A segunda temporada de Silo é uma continuação digna da primeira, mas não está livre de falhas. Enquanto a trama política dentro do silo é envolvente e cheia de reviravoltas, o arco de Juliette decepciona com seu ritmo lento. Ainda assim, a série contínua sendo uma exploração fascinante de poder, controle e sobrevivência em um mundo distópico.

Se você gostou da primeira temporada, vale a pena conferir esta segunda. Mas esteja preparado para algumas frustrações ao longo do caminho. No fim, Silo continua sendo uma série que nos faz pensar – e, para mim, isso já é motivo suficiente para continuar assistindo.

Nos siga no Instagram: @desconstruindooverbo

Escrito por

Erick Sant Ana

Redator, negro, TDAH, amante da cultura geek e de uma boa coquinha gelada. Adoro histórias, sejam elas contadas através de livros, filmes, séries, HQs ou até mesmo fofocas. Sempre vi nos livros não apenas uma válvula de escape, mas também uma forma de diversão. Com o tempo, essa paixão se expandiu para o universo dos filmes e das séries. Após anos sem ter com quem compartilhar essas paixões, decidi falar sobre elas na internet.