Admito que não sou o maior entusiasta de programas de pegadinhas e câmeras escondidas. Aquele sentimento de vergonha alheia que surge ao ver alguém sendo alvo de brincadeiras sempre me fez evitar esse tipo de conteúdo. No entanto, a premissa intrigante e os elogios voltados para o “alvo da piada” na série “Judy Duty” despertaram minha curiosidade. E que bom que decidi dar uma chance, pois teria perdido uma das melhores comédias dos últimos anos.
“Judy Duty” nos leva a um julgamento nos Estados Unidos através dos olhos de Ronald Gladden, um empreiteiro especializado em painéis de energia solar e um dos jurados do caso em questão. O que Ronald não sabe é que todo o processo judicial é, na verdade, uma farsa meticulosamente encenada por atores que fingem ser parte do júri. Tudo, dentro e fora do tribunal, é cuidadosamente planejado pela equipe, trazendo à mente a vibe singular do filme “O Show de Truman”.
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Esta comédia de situação não se baseia em punchlines ou piadas óbvias construídas para arrancar risadas. O encanto reside nas situações absurdas que se desenrolam, uma abordagem que certamente agradará aos fãs de “The Office”.
Ronald, carinhosamente chamado de Ron, é o ponto central dessa trama peculiar. Sua presença, genuinamente amigável e autêntica, é o coração pulsante da série. Ele é o arquétipo do ‘coolguy’ sem parecer forçado, uma boa pessoa com um coração genuíno. É difícil não torcer por ele enquanto enfrenta os absurdos ao seu redor.As reações naturais de Ron diante dos absurdos ao seu redor proporcionam grande parte do humor, e é difícil não se apaixonar pela sua autenticidade.
A jornada em “Judy Duty” orbita em torno das experiências de Ronald, desde a seleção do júri até o veredicto, enquanto os produtores e atores tentam derrubá-lo com uma série de situações inusitadas. A estrutura assemelha-se a um reality show, com os “participantes” e Ron comentando os acontecimentos, sob a desculpa de que o caso estava sendo gravado para a criação de um documentário.
James Marsden, conhecido por seus papéis em “Encantada” e “X-Men”, faz parte do júri, interpretando uma versão satirizada de si mesmo. A dinâmica entre Ron e Marsden, assim como com os outros membros do júri, é fascinante de assistir. Ron ajuda todos, sem perceber que são atores interpretando personagens, e isso só o torna mais cativante.
Os personagens exibem diferentes níveis de excentricidade, variando de um nerd com suas constantes invenções a uma garota determinada a conquistar o tímido e inexperiente colega. Ron poderia julgá-los ou evitá-los, mas sua amabilidade e compreensão diante de suas peculiaridades são um verdadeiro diferencial.
Em um cenário onde Ron poderia facilmente se tornar o alvo das piadas, a série mantém sua integridade. Seu carisma e personalidade gentil brilham, tornando-o o coração de “Judy Duty”. Ele é respeitado, não humilhado, e isso faz toda a diferença.
Imagino o estresse nos bastidores, a pressão para que nada saísse errado em uma produção tão elaborada e delicadamente executada. O último episódio, que serve como uma homenagem a Ron, nos oferece um vislumbre do “por trás das câmeras”, revelando um pouco das dificuldades enfrentadas pela produção.
Em termos de séries de comédia, “Judy Duty” é uma das grandes surpresas do ano. Não é à toa que a série está concorrendo em quatro categorias no Emmy, incluindo a prestigiada categoria de “Melhor Série de Comédia”. Se você procura uma comédia sutil, cativante e surpreendente, não pode deixar de assistir Judy Duty”.