Five Nights at Freddy's 2

Em 2023, ninguém esperava que Five Nights at Freddy’s fosse romper a bolha e virar um sucesso de quase 300 milhões de dólares, mesmo com a crítica tão dividida. A Blumhouse ficou radiante, o público pediu mais e, claro, a sequência veio dois anos depois. Five Nights at Freddy’s 2 chega com a missão de expandir o universo criado por Scott Cawthon e, ao mesmo tempo, escancarar o limite do próprio criador quando ele resolve controlar o roteiro todo sozinho.

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Fantasmas do passado e máquinas do presente

A história continua logo depois do primeiro filme e traz de volta Mike, Vanessa e Abby, agora tentando lidar com o rastro de destruição deixado por William Afton. Só que, dessa vez, uma nova pizzaria aparece, trazendo animatrônicos inéditos e a presença inquietante de Charlotte, a garota assassinada nos anos 80 que hoje se manifesta como Marionette. Tudo fica maior, mais espalhado, com aquela sensação de que o caos do Afton sempre foi mais profundo do que a gente imaginava.

No meio disso tudo, Abby é o coração do filme. Ela acredita que Freddy, Chica, Foxy e Bonnie ainda estão por perto, e o reencontro com esse passado acontece graças a um dispositivo capaz de reproduzir as falas dos animatrônicos. Mike, Abby e uma Vanessa cheia de segredos, entram numa corrida contra o tempo para impedir que Marionette lance um verdadeiro caos.

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Entre o cinema de Tammi e o caos de Cawthon

É justamente nesse ponto que o contraste do filme grita. Emma Tammi entende de cinema. Ela cria tensão, trabalha ritmo, acerta na atmosfera e sabe usar os sustos sem exagerar. Nada revolucionário, mas sempre funcional. Já o roteiro de Cawthon segue por outro caminho. Sem a parceria que o ajudou no primeiro filme, ele entrega uma narrativa entulhada de reviravoltas, diálogos presos e explicações que parecem não ter fim. Dá para sentir que a cabeça dele está mais preocupada em expandir a franquia do que em construir uma história redonda agora. Vanessa, que tinha potencial para ser o fio emocional do filme, acaba se perdendo entre melodrama e explicações mecânicas.

O elenco, porém, realmente tenta não deixar a peteca cair. Elizabeth Lail entrega uma Vanessa quebrada e interessante. Josh Hutcherson segue firme como o eixo emocional dessa bagunça e ainda protagoniza uma sequência que é praticamente um abraço nostálgico nos fãs dos jogos. Skeet Ulrich e Mckenna Grace aparecem pouco, mas ajudam a dar ritmo quando o roteiro ameaça desandar.

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Um desfecho cansado em um universo cheio de energia

O problema maior, como em 2023, está no ato final. Depois de dois terços sólidos, o filme escorrega em um desfecho apressado, com uma “batalha final” que termina antes mesmo de empolgar. A sensação é a de que o filme estava construindo algo grandioso, mas decidiu parar antes do clímax por pura pressa.

Mesmo assim, Five Nights at Freddy’s 2 faz o que se propõe a fazer. Diverte, preenche uma tarde e expande o universo da franquia com algum charme. Não quer reinventar o terror e, sinceramente, ninguém está esperando isso. Entre os tropeços do roteiro e a direção segura de Tammi, o filme funciona como entretenimento que sabe exatamente onde está pisando e para onde quer ir. E, obviamente, deixa tudo preparado para o inevitável terceiro capítulo.

Assista o trailer oficial de ‘Five Nights at Freddy’s 2’:

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Escrito por

Niv Pereira

Sagitariano, comunicólogo e professor de Inglês. 85% do tempo com fones de ouvido, não passa um dia sem ouvir músicas e descobrir novas séries e filmes para assistir.