“Eternos” é único. É o encontro do mortal e do imortal – onde não basta apenas viver, mas sentir- se vivo. Em uma aventura cósmica profunda, cheia de reviravoltas e com várias camadas cronológicas, o novo longa nos traz um “pedacinho” totalmente diferente do imenso Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Seria um pecado cair em comparação com esta grande obra de arte que é Eternos.
O longa nos apresenta 10 seres imortais (ou quase-imortais) criados pelos Celestiais, que chegaram na Terra há mais de 7 mil anos atrás, no início da civilização, para moldar, transformar, acompanhar e assistir a evolução da humanidade, enquanto lutavam para protegê-la contra seres malignos chamados Deviantes.
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7 mil anos de história
Haja tempo pra colocar as fofocas em dia, menina. Para entender toda a complexidade e os eventos da humanidade que marcaram a presença dos Eternos no desenvolvimento do mundo, os flashbacks se fazem presente de maneira cronologicamente incrível, se entrelaçando muito bem com os acontecimentos e, principalmente, com uma introdução de respeito à história – e por incrível que pareça, tudo muito envolvente, sem ser tedioso ou desnecessário.
Com esse tempo todo, sobra até tempo pra ter um namoro de 5 mil anos e encontrar seu ex que fez ghosting com você mil anos depois. Juro que não vou citar nomes, mas quando digo que é sempre uma boa fofoca que move a humanidade, ninguém acredita.
Abandonaram a gente com Thanos então? É sobre isso?
Não, não é sobre isso. Mas eu entendo as tantas questões que, quem ama o universo Marvel, faz com propriedade. Aonde estavam esse tempo todo? Por qual motivo não interferiram? Eles conhecem os vingadores?
Todos os sete mil anos de história respondem muitas das perguntas e questionamentos que eu, assim como você, estava a respeito dos Eternos. O filme vai se desenrolando de forma tão leve, minuciosa e envolvente que, ao chegar no fim das 2h e 37m de duração, você vai esquecer das perguntas e ter motivos suficientes para aguardar o próximo episódio do longa.
Os Heróis mais humanos da Marvel
Mesmo sendo semi deuses alienígenas ou uma raça superior, os Eternos mostram-se totalmente suscetíveis e vulneráveis aos sentimentos humanos, o que cria uma conexão fortíssima com a sensibilidade que a obra nos traz. Por vários momentos, a única vontade era de abraçar cada um que abria seu coração.
Amor, paixão, compaixão, esperança, empatia, medo, alegria, tristeza, decepção e muitos outros sentimentos constroem uma narrativa muito rica e emocionante. É impossível não se sentir no lugar dos personagens, que expõem a todo tempo tudo o que aprenderam com a humanidade.
É a diversidade que cria a conexão mais forte
Nada mais humano do que a diversidade estar presente ao MCU. “Eternos” é uma superprodução dirigida por uma mulher – ninguém menos que Chloe Zhao, Oscar Winner de Melhor Direção em 2021 pelo longa Nomadland –, e onde temos uma grande troca de gêneros e etnias dos personagens (dos quadrinhos para as telas), o que na minha opinião foram escolhas muito bem pensadas e desenvolvidas com sucesso.
Além de termos a 1ª heroína surda – Makkari, vivida por Lauren Ridloff –, que aliás que é uma personagem fascinante, inteligente e que ainda entregará muito na franquia; temos também o 1º herói assumidamente gay da Marvel – Phastos, interpretado por Bryan Tyree Henry.
Confesso que foram cenas lindas e emocionantes em que os heróis Makkari e Phastos apareciam, simplesmente pela naturalidade que se desenvolveram. Acredito que viverei a partir de hoje para enaltecer a família linda de Phastos, além de sua genialidade e de Makkari também, uma heroína forte, destemida e amorosa principalmente.
Pode amar o elenco pra sempre?
Não dá para negar que a escolha do elenco de Eternos foi algo impecável. Desde o seu anúncio, o que mais deixou todos nós em euforia são os nomes envolvidos na superprodução – foi de arrepiar ver tantas lendas juntas, o que trouxe o sentimento de grandeza para este filme desde até mesmo os primeiros minutos do trailer.
Vamos começar com Salma Hayek, que nos agraciou com a imponência, liderança e poder de Ajak, que é a ponte entre os Eternos e Celestiais. Do outro lado temos Ikaris (Richard Madden, o eterno Robb Stark de Game Of Thrones), considerado um dos mais fortes e uma das lideranças do grupo.
No centro de tudo, temos Sersi, vivida por Gemma Chan (uma Marvelete oficial, que já viveu Minn-Erva em Capitã Marvel). Sersi viveu um relacionamento amoroso com Ikaris no passado, o que deixa suas marcas na história. É aqui que entra Dane Whitman (Kit Harington, também de Game Of Thrones), namorado de Sersi na trama. Embora seu personagem ainda seja um mistério, podemos falar que será de grande importância no futuro da franquia do MCU.
Outro personagem que deixou sua presença no filme é Thena, vivida por ninguém menos que Angelina Jolie. Até através da tela do cinema essa mulher me deixa desconcertado. Foi simplesmente maravilhosa a atuação de Angelina como Thena, entregando uma personagem forte, sagaz, corajosa e muito promissora para a franquia.
Contamos com a irreverência e simpatia de Kingo (Kumail Nanjiani), um astro do cinema indiano que é muito amigo (ou pelo o menos era) de Sprite (Lia Mchugh), uma adolescente ilusionista de primeira que tem o sonho de ser adulto e viver uma vida normal.
Além de Phastos, nosso gênio da tecnologia e de armas; e Makkari, nossa deusa velocista e entediada pois já conheceu todos os cantos do mundo; temos Gruig (Barry Keoghan), controlador de mentes que é bastante próximo de Makkari; e Gilgamesh (Don Lee), que possui super força, resistência e agilidade, além de um coração gigante pois adora cozinhar para seus amigos e cuidar de Thena.
O que é imortal, não morre no final: podemos esperar por uma franquia grandiosa
Primeiramente, gostaria de deixar claro que este filme combina perfeitamente com o álbum As Quatro Estações (1999), de Sandy e Junior. Deveria ser a trilha sonora oficial.
Mas vamos trazer verdades à mesa – Eternos é um relacionamento sério (de casar, ter filhos e ser feliz para sempre) com o universo Marvel. Este primeiro filme concretiza o início de uma proposta muito bem sucedida para o estúdio – é a revolução do gênero e todas as suas vertentes, criando narrativas que conversam com o agora.
É de se levar em conta nossa paixão pelo MCU na hora de falar de Eternos, principalmente para dizer que sim, é uma obra magnífica. Mas não é entendível as notas baixas e críticas negativas dadas até então. Acredito que o perigo aqui é a comparação. Eternos tem muito ainda para mostrar. É profundo justamente por possuir muitas camadas. Absorver com calma e cuidado é a dica que deixo para quem se propõe a presenciar esse acontecimento. Não é só viver, é sentir-se vivo.
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