Apanhador de Almas

Apanhador de Almas, dirigido por Fernando Alonso e Nelson Botter Jr. e estrelado por Klara Castanho, Ângela Dip, Jessica Córes, Larissa Ferrara, Priscila Sol e Duda Reis, surge como uma tentativa de investir em um gênero pouco explorado no cinema brasileiro: o terror. Com 99 minutos de duração, o longa apresenta uma premissa que, à primeira vista, poderia instigar a curiosidade do público.

Na trama, quatro jovens visitam a casa de uma bruxa misteriosa durante um eclipse solar em busca de um ritual mágico. O que deveria ser uma experiência sobrenatural se transforma em pesadelo quando elas ficam presas em um limbo dimensional governado pelo Apanhador de Almas (entidade que promete que apenas uma delas sairá viva).

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Quando o clichê norte-americano invade e sufoca a originalidade nacional

O problema principal é que a narrativa não consegue sustentar o suspense ou o terror. O roteiro recorre a ideias já repetidas inúmeras vezes pelo cinema norte-americano, sem trazer um olhar renovado ou adaptado à realidade brasileira. Logo, as escolhas das personagens soam forçadas, suas reações pouco convincentes e as situações que deveriam gerar medo acabam caindo no previsível. O resultado é que as atrizes, ainda que se esforcem, não têm material suficiente para construir performances marcantes.

Além disso, outro ponto frágil é a caracterização: a bruxa, peça-chave da história, aparece caricata, com figurino estereotipado e uma caracterização que mais remete a uma cartomante de produções antigas do que a uma figura realmente mística. Isso reforça a sensação de artificialidade em uma obra que tenta parecer sombria, mas acaba soando superficial.

Um gênero ousado para o cinema brasileiro, mas sem a entrega necessária.

Apesar da iniciativa de explorar o terror em um cenário onde esse gênero raramente ganha espaço, Apanhador de Almas deixa a desejar ao não entregar frescor nem impacto. Talvez funcionasse melhor como um suspense leve para adolescentes mais novos, mas para o público jovem/adulto fica evidente a fragilidade de sua construção narrativa e estética.

Um esforço válido pela tentativa de se arriscar fora da zona de conforto do cinema nacional, mas que tropeça na execução, tornando-se um filme pouco envolvente. O filme já está disponível em alguns cinemas brasileiros.

Assista ao trailer de ‘Apanhador de Almas’:

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Escrito por

Hugo Vicente

Trans Não Binária apaixonada por design, moda, fotografia, filmes e séries. Ativista e (às vezes) Criadora de Conteúdo Digital informativo LGBTQIAP+.