afrofuturismo

Como você imagina o futuro? Talvez pense em cidades supermodernas, cheias de arranha-céus brilhantes e carros voadores. Mas, se refletirmos, muitas dessas visões são fortemente eurocentradas e americanizadas. As referências que temos de ficção científica, em grande parte, foram criadas por pessoas brancas e, como resultado, carregam um viés cultural específico. No entanto, e se começarmos a pensar em um futuro através de um olhar africano? Essa é a proposta do Afrofuturismo.

O Afrofuturismo é um movimento cultural que combina ficção científica, fantasia e história africana para explorar a diáspora negra. Surgido nas décadas de 1950 e 1960, ele ganhou força nos anos 1990, impulsionado por escritores como Octavia Butler e músicos como Sun Ra. Este movimento se apresenta como uma alternativa poderosa e inovadora às visões de futuro que dominam nossa imaginação.

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Raízes do Afrofuturismo

O Afrofuturismo tem suas raízes na busca por identidade e representação da população negra. Durante muito tempo, as pessoas negras foram marginalizadas na cultura popular, muitas vezes retratadas de forma estereotipada ou invisibilizadas. O Afrofuturismo surge como uma resposta a essa lacuna, oferecendo uma visão alternativa futuro, onde elementos culturais africanos se misturam com a estética.

Origens e Evolução do Afrofuturismo

O termo “afrofuturismo” foi cunhado pelo crítico cultural Mark Dery em 1993, mas suas raízes são muito mais profundas. Ele se baseia nas tradições orais africanas, nos ritmos do jazz e do blues, e nas visões futuristas de artistas como Sun Ra e George Clinton. 

Mas o conceito de afrofuturismo vai muito além de um gênero artístico. Ele é um movimento estético e social, onde possamos imaginar futuros onde as pessoas negras não só existem, mas são protagonistas. É sobre questionar o passado, deixando de lado a opressão e construir mundos onde a cultura negra é celebrada e é central.

Ao longo das décadas, o afrofuturismo evoluiu para incorporar várias formas de arte, incluindo literatura, cinema, música e moda, refletindo a diversidade e a riqueza da cultura africana e afrodescendente.

Afrofuturismo no cinema

O afrofuturismo no cinema O cinema também tem sido um terreno fértil para o Afrofuturismo. Filmes como “Blade” (1998) e “The Matrix” (1999) já tinham elementos afrofuturistas, mas foi com “Pantera Negra” que o conceito realmente ganhou destaque.

O papel de “Pantera Negra” na popularização do afrofuturismo

Pantera Negra - Afrofuturismo

Lançado em 2018, “Pantera Negra” foi um verdadeiro divisor de águas e  colocou o afrofuturismo no mapa mainstream. O filme não apenas apresentou um super-herói negro como protagonista, mas também trouxe uma visão de um futuro afrocentrado, onde a tecnologia e a tradição coexistem de forma harmoniosa. A recepção do público e da crítica foi esmagadoramente positiva, destacando a importância de uma representação diversificada na mídia. O filme arrecadou mais de um bilhão de dólares em bilheteria, mas seu verdadeiro legado é como ele inspirou uma nova geração a imaginar futuros onde os negros são heróis de suas próprias histórias.

“Pantera Negra” teve um impacto significativo na representação de pessoas negras no cinema. Ao apresentar um elenco predominantemente negro em papéis complexos e poderosos, o filme desafia os estereótipos tradicionais de Hollywood e oferece modelos positivos para jovens negros em todo o mundo.

Outros filmes que abordam o afrofuturismo 

  • Fogo Contra Fogo (1996)Michael Mann: Embora não seja um filme puramente afrofuturista, “Fogo Contra Fogo” apresenta uma narrativa complexa de ação e crime que explora temas de moralidade e tecnologia. A inclusão de um elenco diversificado e a exploração de temas universais fazem com que o filme ressoe com elementos afrofuturistas. O filme é reconhecido por suas performances e direção, servindo como um exemplo de como temas de ficção científica e narrativa negra podem coexistir.
  • Atlantique (2019)Mati Diop: Situado em Dakar, Senegal, “Atlantique” segue a história de Ada, uma jovem cujo amante desaparece no mar, e a cidade é assombrada por espíritos. O filme combina realismo mágico com crítica social, abordando questões de migração e exploração através de uma lente afrofuturista. O filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e foi a primeira diretora negra a ganhar este prêmio. “Atlantique” destaca-se pela sua narrativa inovadora e pela maneira como incorpora elementos sobrenaturais para tratar de problemas contemporâneos.
  • Desculpe te incomodar (2018)Boots Riley: Este filme de sátira social e ficção científica segue Cassius Green, um jovem negro que descobre uma maneira mágica de ter sucesso no telemarketing. À medida que ele sobe na hierarquia corporativa, ele se depara com um mundo bizarro de conspirações e resistência. “Desculpe te incomodar” foi elogiado por sua originalidade e crítica social, utilizando elementos afrofuturistas para explorar questões de identidade racial e capitalismo.

Afrofuturismo na Literatura

A literatura é outra área onde o Afrofuturismo tem florescido, oferecendo novas narrativas que desafiam as convenções tradicionais e exploram a experiência negra de maneiras inovadoras.

Octavia Butler

Octavia Butler - Afrofuturismo

Uma das pioneiras do Afrofuturismo na literatura é Octavia Butler. Seus livros, como “Kindred” e a série “Patternist”, exploram temas de poder, identidade e sobrevivência, muitas vezes colocando personagens negros em futuros distópicos ou mundos alternativos. Butler não só abriu portas para outros escritores negros na ficção científica, mas também nos mostrou que o futuro pode e deve incluir diversas vozes e experiências.

N.K. Jemisin

N.K. Jemisin - Afrofuturismo

N.K. Jemisin é outra autora que tem feito ondas no mundo da ficção científica. Sua trilogia “Broken Earth”, que começa com “The Fifth Season”, explora um mundo devastado por desastres ambientais onde pessoas com habilidades especiais lutam para sobreviver. A série é uma poderosa metáfora para questões de raça, identidade e opressão, ganhando prêmios Hugo e reconhecimento global.

Nnedi Okorafor

Nnedi Okorafor - Afrofuturismo

Nnedi Okorafor é uma escritora que abraça completamente o Afrofuturismo. Seu romance “Who Fears Death” é ambientado em uma África pós-apocalíptica e mistura fantasia e ficção científica de maneira única. Outros trabalhos, como a série “Binti”, seguem uma jovem africana que deixa seu planeta natal para estudar em uma universidade intergaláctica, explorando temas de pertencimento e identidade em um universo vasto e desconhecido.

O afrofuturismo na moda

A moda é uma das áreas onde o Afrofuturismo tem deixado uma marca significativa. Aqui são utilizados tecidos vibrantes, padrões geométricos e acessórios tecnológicos. Estilistas como Kerby Jean-Raymond da Pyer Moss e Virgil Abloh da Off-White têm incorporado elementos afrofuturistas em suas coleções. Eles misturam a estética africana tradicional com toques futuristas, criando peças que são tanto homenagens ao passado quanto visões do futuro.

A moda afrofuturista não é apenas sobre estilo; é uma declaração de identidade. Quando uma pessoa negra veste uma peça afrofuturista, ela está dizendo: “Eu sou parte deste futuro. Eu pertenço a esta visão.” É uma maneira de afirmar presença e importância em um mundo que muitas vezes tenta apagar as contribuições negras.

Elementos do Afrofuturismo na Moda

  • Inspiração Cultural: Designers afrofuturistas frequentemente incorporam padrões, tecidos e técnicas tradicionais africanas em suas criações. Isso inclui o uso de tecidos como o ankara e o kente, além de referências a mitologias e símbolos africanos.
  • Estética Futurista: A moda afrofuturista se destaca pelo uso de materiais futuristas, como metais, plásticos e tecidos tecnológicos. Essas peças muitas vezes apresentam silhuetas inovadoras, cortes geométricos e uma paleta de cores vibrante.
  • Narrativas e Conceitos: Muitas coleções afrofuturistas contam histórias sobre futuros alternativos onde as culturas africanas e diásporas negras são centrais. Esses temas exploram a interseção entre tradição e modernidade, tecnologia e espiritualidade.

Impacto de Grace Jones

Grace Jones Afrofuturismo

Grace Jones é uma figura icônica cujo estilo audacioso e futurista teve um impacto profundo na moda afrofuturista. Nascida na Jamaica e criada nos Estados Unidos, Jones começou sua carreira como modelo antes de se tornar uma estrela internacional da música e do cinema. Seu estilo e presença magnética fizeram dela um ícone cultural.

  • Estilo Visual: Grace Jones é conhecida por seu visual andrógino e seus trajes vanguardistas. Trabalhando frequentemente com o designer Jean-Paul Goude, ela criou uma imagem que misturava elementos de moda de alta costura com um toque futurista e extraterrestre.
  • Performance e Imagem: Suas performances teatrais e videoclipes eram recheados de referências afrofuturistas, utilizando figurinos que evocavam uma sensação de poder, mistério e inovação. Jones incorporava o afrofuturismo não apenas na moda, mas também na música e na arte visual.
  • Influência Cultural: O impacto de Grace Jones vai além de seu estilo pessoal. Ela abriu caminho para que outros artistas e designers explorassem e adotassem elementos afrofuturistas em suas próprias obras. Sua capacidade de desafiar normas e criar novas narrativas visuais e culturais continua a inspirar a moda contemporânea.

Alguns exemplos do afrofurismo na moda:

Pyer Moss

Designer: Kerby Jean-Raymond

Pyer Moss Afrofuturismo

Pyer Moss é uma marca que celebra a herança africana e a identidade negra com uma estética moderna e futurista. Suas coleções frequentemente incorporam temas sociais e históricos, mesclando tradição com inovação. A Pyer Moss tem sido aclamada por sua abordagem inclusiva e por desafiar as normas da moda, trazendo uma perspectiva afrofuturista às passarelas.

Virgil Abloh para Louis Vuitton

Como diretor artístico da linha masculina da Louis Vuitton, Abloh introduziu elementos afrofuturistas em suas coleções, combinando influências culturais africanas com designs contemporâneos e de alta moda. Abloh é conhecido por sua capacidade de misturar alta costura com streetwear e elementos afrofuturistas, influenciando a moda global e promovendo uma visão inclusiva.

Ruth E. Carter

Carter é conhecida por seu trabalho em “Pantera Negra”, onde criou figurinos que combinam estética tradicional africana com designs futuristas. Seu trabalho celebra a herança cultural enquanto projeta uma visão de um futuro afrocentrado.Carter ganhou um Oscar por seu trabalho em “Pantera Negra” e outro por “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, sendo a primeira mulher negra a ganhar dois Oscars e é amplamente reconhecida por sua contribuição à representação cultural através da moda.

Imane Ayissi

Imane Ayissi

Este designer camaronês combina influências africanas com moda contemporânea, criando peças que celebram a riqueza cultural do continente africano com uma abordagem moderna e futurista. Ayissi é um pioneiro na alta costura, trazendo uma estética afrofuturista às passarelas de Paris e promovendo a moda africana em um contexto global.

Afrofuturistic Fashion Show

Afrofuturistic Fashion Show

São eventos de moda dedicados ao afrofuturismo apresentam designers que exploram a interseção entre moda, cultura africana e visões futuristas. Esses desfiles celebram a criatividade e a inovação dentro do movimento. E ajudam a promover e celebrar o afrofuturismo na moda, destacando designers que criam peças que são tanto uma homenagem ao passado quanto uma visão do futuro.

Afrofuturismo na Música

A música é outro campo onde o Afrofuturismo floresce. Desde os anos 80 artistas exploram o conceito, mesclando a negritude com visões futuristas, incorporando temas como dentidade, ancestralidade e tecnologia em seus trabalhos, dando vida sons e visuais que abraçam a ideia de pensar em possibilidades de mundos alternativos.

Missy Elliot

Missy Eliott Afrofuturismo

Missy Elliott é uma pioneira no uso do afrofuturismo na música. Desde o início de sua carreira, seus videoclipes e performances foram caracterizados por uma estética futurista e inovadora. Vídeos como “The Rain (Supa Dupa Fly)” e “She’s a Bitch” são exemplos de sua estética afrofuturista, com efeitos visuais inovadores, figurinos de alta tecnologia e cenários que parecem saídos de um futuro distante. Sua música mistura batidas eletrônicas com influências do hip-hop e R&B, criando sons que parecem à frente de seu tempo. Além disso, Missy Elliott abriu caminho para muitos outros artistas, mostrando que é possível misturar tradição com inovação de maneira coesa e cativante.

Janet Jackson

Janet Jackson - Afrofuturismo

Janet Jackson também incorporou elementos afrofuturistas em sua música e estética. Seu álbum “The Velvet Rope”, lançado em 1997, explora temas de identidade e tecnologia, com faixas que incorporam uma produção eletrônica avançada e letras que abordam questões sociais e pessoais. Nos videoclipes de “Together Again” e “What’s It Gonna Be?!” (com Busta Rhymes), Janet apresenta visuais futuristas com cenários de ficção científica e figurinos que misturam o moderno com o fantástico. Suas performances ao vivo são conhecidas por serem eletrizantes, frequentemente incluindo elementos visuais futuristas, desde cenários até efeitos de iluminação avançados.

IZA

iza afrofuturismo

Uma das principais artistas brasileiras contemporâneas, também abraça o afrofuturismo em seu trabalho. Ela incorpora visuais afrofuturistas em seus videoclipes e apresentações ao vivo, usando figurinos que combinam elementos tradicionais africanos com um toque futurista. Suas canções frequentemente abordam temas de empoderamento e identidade, e sua produção musical mistura ritmos brasileiros com influências eletrônicas e pop. Vídeos como “Brisa” e “Ginga” apresentam visuais coloridos e dinâmicos que evocam um futuro vibrante e inclusivo, destacando sua visão artística única.

Elza Soares

Elza Soares Afrofuturismo

Elza Soares, uma das maiores vozes da música brasileira, também incorporou elementos afrofuturistas em sua obra, especialmente em seus últimos trabalhos. Seu álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, lançado em 2015, é um exemplo claro dessa fusão. O álbum aborda temas de resistência, identidade e futuro, utilizando uma sonoridade que mistura samba, rock e eletrônica. As letras e a estética visual do álbum evocam um futuro onde a resistência negra e a afirmação de identidade são centrais. Elza, com sua voz poderosa e presença marcante, trouxe uma nova dimensão ao afrofuturismo, conectando-o profundamente com as raízes culturais brasileiras e as lutas contemporâneas.

Chloe x Halle

São conhecidas por sua abordagem inovadora à música e estética, frequentemente incorporando elementos afrofuturistas. O álbum “Ungodly Hour” apresenta uma produção sofisticada que mistura R&B com influências eletrônicas, criando um som que é ao mesmo tempo moderno e intemporal. As irmãs são reconhecidas por seus visuais futuristas, tanto em videoclipes como em performances ao vivo, usando figurinos que combinam elementos de moda de alta tecnologia com um toque afrocentrado. Videoclipes como “Do It” e “Forgive Me” mostram cenários e figurinos futuristas, destacando sua visão artística distinta e inovadora.

Janelle Monáe e “The ArchAndroid”

O álbum “The ArchAndroid” de Janelle Monáe é um exemplo brilhante de Afrofuturismo na música. Lançado em 2010, o álbum conta a história de Cindi Mayweather, um androide do futuro que luta contra a opressão em uma sociedade distópica. Monáe mistura funk, soul, pop e elementos de ficção científica para criar um som que é único e envolvente. Ela não está apenas cantando sobre o futuro; ela está criando um universo inteiro onde a música é a trilha sonora da resistência e da liberdade.

Beyoncé e “Black Is King”

Outro marco importante é o álbum visual “Black Is King” de Beyoncé, lançado em 2020. Inicialmente, o projeto seria apenas de alguns videoclipes com as músicas do disco de Beyoncé,”The Lion King: The Gift“, mas se transformou em um dos filmes mais aclamados de 2020. O projeto é uma celebração da beleza e riqueza da cultura africana. Com visuais deslumbrantes, Beyoncé reimagina a história do Rei Leão através de uma lente afrofuturista, conectando o passado, o presente e o futuro da diáspora africana. Cada cena, cada figurino, cada dança é uma afirmação do poder e da resiliência do povo negro. Beyoncé não está apenas fazendo música; ela está construindo uma narrativa onde os negros são reis e rainhas de seu próprio destino.

O Afrofuturismo na Cultura Pop

Ampliação da Influência

O afrofuturismo tem se infiltrado cada vez mais na cultura pop, influenciando tudo, desde programas de TV até videogames. Séries como “Black Mirror” e “Watchmen” têm incorporado elementos afrofuturistas em seus episódios, enquanto jogos como “Destiny 2” apresentam personagens e narrativas que refletem a estética e os temas do afrofuturismo. Esta crescente presença na mídia ajuda a ampliar a visibilidade e a aceitação do afrofuturismo, permitindo que mais pessoas se conectem com essa rica e dinâmica tradição cultural.

Afrofuturismo nas Animações

O afrofuturismo nas animações tem ganhado destaque, trazendo para as telas narrativas que combinam elementos futuristas com as ricas culturas e histórias africanas. As animações afrofuturistas não apenas entretêm, mas também promovem a representatividade e exploram questões de identidade, tecnologia e espiritualidade de uma maneira inovadora e inclusiva. Duas séries animadas da Disney+ exemplificam essa tendência de forma brilhante: “Kizazi Moto: Geração Fogo” e “Iwájú”.

Kizazi Moto: Geração Fogo

Kizazi Moto: Geração Fogo é uma antologia animada que explora o afrofuturismo a partir da visão de cineastas africanos. Com um total de 10 episódios, a série apresenta diferentes perspectivas de futuros que incorporam crenças e culturas de diversas regiões do continente africano. O tema comum desta temporada é o fogo, que aparece de maneiras distintas em cada episódio.

Cada episódio é um curta-metragem com enredo e estilo próprios, onde personagens africanos enfrentam mundos de tecnologia avançada, alienígenas, espíritos e monstros. Por exemplo, o primeiro episódio é ambientado nas montanhas da Uganda e segue Ndahura, um adolescente que precisa proteger um rebanho de gados ciborgues de espíritos mortais. Já o sexto episódio apresenta um influenciador digital em um Zimbábue alternativo, onde o país nunca foi colonizado e se tornou uma sociedade utópica tecnologicamente avançada.

Essa série destaca-se por ser uma produção de animadores africanos, permitindo que a África conte suas próprias histórias e mostre sua cultura e inovação sob uma luz futurista. Segundo Tendayi Nyeke, produtora da série, “Kizazi Moto” significa “geração do fogo” em suaíli, capturando a paixão e a inovação dos cineastas africanos envolvidos.

Iwájú

Iwájú é uma série de animação original da Walt Disney Animation Studios, em parceria com a empresa panafricana de entretenimento Kugali. Ambientada na futurística Lagos, Nigéria, a série de seis capítulos acompanha Tola, uma jovem da próspera ilha, e Kole, um autodidata expert em tecnologia, enquanto descobrem os segredos e perigos em seus mundos distintos.

Os criadores da Kugali, incluindo o diretor Olufikayo Ziki Adeola, o designer de produção Hamid Ibrahim e o consultor cultural Toluwalakin Olowofoyeku, trazem uma narrativa que combina elementos visuais impressionantes e avanços tecnológicos inspirados no espírito de Lagos. Adeola comenta sobre a produção: “Elaborar a narrativa de Iwájú foi uma jornada de alquimia criativa, que conta com a rica trama cultural de Lagos com os saltos imaginativos para o futuro”.

“Iwájú” não só oferece uma emocionante história futurista, mas também celebra a cultura e a inovação africana, destacando-se como um exemplo de como o afrofuturismo pode ser integrado de forma criativa e significativa nas animações.

Afrofuturismo nos videogames:

No mundo dos videogames, o afrofuturismo está se tornando cada vez mais presente. Jogos como “Destiny 2” exploram cenários futuristas com personagens e culturas inspiradas em diferentes tradições étnicas, incluindo africanas e afrodescendentes. Além disso, “Rage 2” apresenta uma estética distópica que incorpora elementos afrofuturistas em sua ambientação e narrativa. Enquanto isso, desenvolvedores independentes estão produzindo jogos que exploram histórias afrofuturistas mais diretamente, oferecendo novas perspectivas e experiências aos jogadores.

Afrofuturismo na arquitetura:

Na arquitetura, o afrofuturismo se manifesta através de projetos que incorporam elementos estilísticos e conceituais inspirados na cultura e história africana. Arquitetos estão explorando formas de integrar essas influências em edifícios e espaços urbanos, criando designs inovadores que celebram a diversidade cultural e promovem a inclusão. Esses projetos muitas vezes buscam desafiar as normas estéticas convencionais, oferecendo uma visão alternativa do futuro e da forma como vivemos e interagimos com o ambiente construído.

Afrofuturismo na Televisão:

Na televisão, o afrofuturismo está ganhando destaque em séries que exploram narrativas futuristas com temas afrocentrados. Séries como “Lovecraft Country” misturam elementos de horror, ficção científica e questões raciais, oferecendo uma visão inovadora e provocativa do passado e do futuro. Além disso, programas como “Watchmen” abordam questões sociais e políticas através de uma lente afrofuturista, explorando temas de identidade, poder e justiça. Essas séries estão ajudando a redefinir o que é possível na televisão, oferecendo narrativas complexas e diversificadas que refletem a riqueza e a diversidade da experiência humana.

No final das contas, o Afrofuturismo nos lembra que o futuro é um espaço de possibilidades infinitas, onde todas as vozes têm o poder de serem ouvidas e celebradas. Ao abraçarmos essa visão, estamos construindo um mundo mais inclusivo, diversificado e emocionante, onde cada um de nós pode se ver refletido e representado. O Afrofuturismo  é uma chamada para a ação, uma convocação para imaginar e criar um futuro onde todos possam prosperar.

Escrito por

Erick Sant Ana

Redator, negro, TDAH, amante da cultura geek e de uma boa coquinha gelada. Adoro histórias, sejam elas contadas através de livros, filmes, séries, HQs ou até mesmo fofocas. Sempre vi nos livros não apenas uma válvula de escape, mas também uma forma de diversão. Com o tempo, essa paixão se expandiu para o universo dos filmes e das séries. Após anos sem ter com quem compartilhar essas paixões, decidi falar sobre elas na internet.