Sinceramente, quem não estiver cansado de filmes de heróis no mesmo formato de sempre, apresentando ideias que parecem batidas e vestidas com o mesmo traje colado de sempre, uma capa esvoaçante e detalhes em dourado além do velho e certeiro humor & piadas que mais cansam do que fazem rir. Não é de hoje que o mercado de heróis anda em decadência, desuso ou com baixos níveis de agradabilidade. Afinal, quando existe uma entrega de filmes impecáveis, a exigência do público aumenta (e ela está cada vez mais difícil de superar). É como a grande questão de como a Marvel irá trabalhar com o multiverso após Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo ter entregue a melhor obra de todos os tempos (e mais premiada) trazendo simplesmente o melhor filme sobre o tema. E aí, DC, qual vai ser? O que fará para nos impressionar? Após o arroz com feijão de Adão Negro, e agora com esta farofa que é Shazam! Fúria dos Deuses, o prato ainda parece estar longe de ficar completo.
“Shazam! Fúria dos Deuses” é um filme de ação e aventura que segue o jovem Billy Batson e sua transformação em um super-herói poderoso chamado Shazam. Dirigido por David F. Sandberg, o filme é uma sequência de “Shazam!” de 2019 e traz de volta a maioria dos personagens originais.
Shazam! Fúria dos Deuses fica entre erros e acertos, mas os erros pesam mais
Para ser bonzinho, sou sincero ao dizer que os efeitos especiais são impressionantes e dão vida, empolgação e destaque para os heróis e vilões. Além disso, as cenas de ação foram muito bem executadas, deixando um certo prazer no ar ao assistir o longa. O que mais se destaca é a química que Billy Batson (interpretado por Asher Angel), tem com seu alter ego Shazam (Zachary Levi), onde o trabalho de vínculo dos personagens foi muito bem feito, com pouca distinção na transformação de um para outro.
No entanto, “Shazam! Fúria dos Deuses” tem pontos negativos que não podem ser ignorados. Para começar, o roteiro parece mais uma colagem de ideias do que uma história coerente. Embora as subtramas e reviravoltas sejam interessantes, o filme carece de um arco principal sólido e convincente. São muitas pontas soltas, cenas superficiais e perdidas no roteiro, e ouso dizer que algumas delas até cansativas, pois se arrastam em um ritmo morno e nada interessante.
Não bastasse as várias subtramas sendo introduzidas e pouco desenvolvidas, a atuação dos vilões deixa bastante a desejar, com as motivações dos personagens sendo pouco exploradas. O filme também parece ter dificuldade em equilibrar a comédia com momentos mais sérios, o que pode fazer com que nos desconectamos da história além de perdermos o interesse em continuá-la. O humor não é nada equilibrado e passa do ponto em inúmeros momentos.
Personagens cortados pela metade e nada profundos
A performance de Zachary Levi, como Shazam, continua sendo o ponto alto do filme, proporcionando momentos de humor e ação igualmente divertidos, mas que caem no tiozão do pavê, como sempre. A gente sabe que nenhum herói é perfeito.
Mas a maioria dos demais personagens não recebe um desenvolvimento adequado, como os irmãos que compõem a família Shazam, que não possuem tempo de tela suficiente para desenvolver suas personalidades e histórias individuais. Confesso que queria muito explorar outros personagens muito interessantes da família, mas que apareceram pouquíssimo ou até mesmo tiveram pouquíssimas falas. O elenco de apoio também não é tão bem-sucedido, com atuações que parecem forçadas em alguns momentos.
Já os vilões em particular parecem unidimensionais e desinteressantes, deixando pouco espaço para os atores que os interpretam brilharem. E, embora haja algumas cenas divertidas entre os personagens principais, a maioria deles parece estar estagnada, sem crescimento ou mudança significativa.
Um embate entre roteiro e direção
Em termos técnicos, o roteiro é claramente o ponto fraco do filme. Embora haja algumas ideias interessantes, a narrativa muitas vezes parece desconexa e mal executada, onde essas ideias não são exploradas da melhor forma ou não ganham um lugar adequado na história. A direção, por outro lado, é sólida e muito precisa, com David F. Sandberg mostrando uma habilidade impressionante em coordenar cenas de ação e criar uma atmosfera de aventura que permeia praticamente todo o filme.
Amanhã, na sessão da tarde
Não gostaria de dizer isso, mas “Shazam! Fúria dos Deuses” é apenas mais um filme comum de herói, que se enquadra na narrativa e estrutura comum de herói. A gente finge surpresa na verdade, né? Pois já conhecemos a história do Shazam em seu primeiro filme e sabemos do seu potencial. Mas será que dá para fazer melhor? Dá pra entregar algo melhor, DC? Dá pra sair dessa mesmice?
Shazam 2 infelizmente não consegue acrescentar nada de novo em sua história, deixando a desejar nos quesitos de inovação e originalidade. O que é uma pena, pois estava esperando uma virada de página, algo que pudesse nos tirar dessa solidão e carência por filmes de herói de qualidade.
O longa é legal (para uma sessão da tarde). Opiniões à parte, acredito que algumas pessoas que apreciam o formato, podem gostar do segundo filme da trilogia. Para quem é fã do maravilhoso Shazam, pode ser uma aventura legal para viver em um fim de semana de tédio ou até mesmo um filme para ver com a família. Acredito que, em algum momento, você vai assistir. Então volte aqui e me diga o que achou, combinado?
Confira abaixo o trailer oficial de Shazam! Fúria dos Deuses (2023), que estreia nos cinemas nesta quinta, 16 de Março de 2023.
TRAILER OFICIAL 1
TRAILER OFICIAL 2
[…] pouco da realidade, seriedade e dos filmes de super-herói que estão bem fracos ultimamente (alô, Shazam!). Desde o momento que vi o trailer de “O Urso do Pó Branco”, surgiu uma imensa […]