A gente leva sempre no coração a nostalgia que os lagartos gigantes nos trazem. Foi na trilogia Jurassic Park que iniciou-se uma paixão e um deslumbramento – como se fosse magia o que o papai Spielberg trouxe para os cinemas. Desde então, é o encantamento que surgiu em 1993 que move nossos sentimentos e emoções em um legado que se perpetua por gerações. Carregar este peso em uma produção de 2022 é um baita desafio que Jurassic World: Domínio enfrentou no último filme da trilogia World, que precede a trilogia Park. É história demais para contar e pode chegar em 2050, que não vou enjoar dessa saga imortal.
Jurassic World: Domínio é o capítulo final da trilogia Jurassic World, que continua a história de “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros” (2015) e “Jurassic World: Reino Ameaçado” (2018), acontecendo quatro anos após a destruição de Isla Nublar. Agora, o mundo passa a viver com os dinossauros, que agora vivem e caçam ao lado de humanos – e isso trará grandes desafios e impactos enormes para o equilíbrio da vida em sociedade.
Definitivamente, um dos episódios mais românticos da franquia
É no olhar apaixonante e de admiração pela convivência com os dinossauros, que Jurassic World: Domínio navega. Muito além da ameaça que os dinos podem representar, o longa nos traz um viés mais humanizado dessas criaturas, mostrando que é bastante possível termos uma conexão verdadeira e fortalecê-la através da convivência humana. Confesso que me pegou essa atmosfera de afeto, onde o lado emocional preencheu de forma linda algumas cenas já carregadas de nostalgia – formando um combo completo para nos conectarmos com a narrativa. Se você não sair do cinema com vontade de pegar um dinossauro no colo, você não assistiu certo.
Nostalgia reinventada com tecnologia
Filmes cujo papel é reforçar a nostalgia – e sabemos que nada serão sem ela. É fundamental trazer o período jurássico (mais especificamente, as criaturas deste) à tona, como merece ser representado – até meu sobrinho, que ama dinossauros, espera isso. E é por este motivo que devo enaltecer aqui a equipe de produção do longa Domínio, que deu um verdadeiro show de efeitos especiais e dando vida à criaturas ainda mais autênticas e impressionantes, sem deixar de lado o sentimento nostálgico de reencontrar cada uma das espécies no cinema – e falar o nome delas quando aparecem, claro. É um ritual para amantes da franquia Jurassic Park.
Colin Trevorrow não é Steven Spielberg – e tá tudo ótimo!
O diretor Colin Trevorrow mostrou a que veio, trazendo uma nova roupagem para o capítulo final da série World. Eu diria que, o que temos aqui, é um filme com personalidade. Se afastando cada vez mais de Spielberg, que trabalha de forma única, Trevorrow explora em Domínio novas possibilidades de entreter o público – e faz isso com maestria. Para quem procura entretenimento nas mais de 2h30 de duração, o prato cheio está nas muitas cenas de tensão, suspense, ação e pasmem – terror.
Temos aqui um avanço na linguagem e narrativa de um gênero que já possui um mundo próprio, que agora mostra outros lados que se conectam diretamente com o sentimento do público para preencher a história – e digo com propriedade que preencheram com sucesso. Trevorrow conduziu uma orquestra de emoções durante todo o longa, o que te mantém preso e imerso naquele mundo, além do fascínio que esteve presente a todo momento.
Um elenco de peso, mas sem profundidade e conexão
Definitivamente o ponto alto do filme é marcado pelo reencontro do trio clássico de Jurassic Park, composto por Elli Sattler (Laura Dern), Alan Grant (Sam Neil) e Ian Malcolm (Jeff Golblum), que preenchem a narrativa com uma presença importantíssima para a história. Temos uma certa participação tímida dos três personagens, sem muito desenvolvimento. Mesmo assim, conseguiram preencher uma lacuna que os demais personagens deixaram em aberto.
Na continuação do longa, temos Chris Pratt e Bryce Dallas Howard, como Owen Grady e Claire Dearing, no comando da narrativa, junto com a filha Maisie Lockwood, interpretada por Isabella Sermon. Chris, como sabemos, é um ator de peso para aventuras e com uma presença notável, mas acaba entregando um personagem bastante básico e que não foge da função de suporte no filme. Já Brice, entrega uma Claire bastante emotiva e ainda mais distante da narrativa, com um desenvolvimento bastante fraco em seu papel, que não foi muito explorado no longa.
Mas quem entrega tudo mesmo é DeWanda Wise, que é o ponto alto de todo o elenco. A atriz interpreta a pilota Kayla, que se destaca majestosamente na narrativa, nas cenas de ação e preenchendo alguns momentos com seu humor único – e se completa com o carisma e presença inconfundível de DeWanda, já que apenas o olhar dessa mulher já intimida. Por incrível que pareça, Kayla é uma das poucas que teve uma certa profundidade nas cenas e um desenvolvimento interessante na história.
É um fim sem cara de fim
Se Jurassic World: Domínio veio com o intuito de dar um fim às trilogias J. Park e J. World, acredito que teve sucesso em seu papel – mas não com uma saída triunfal. Para quem acompanha a saga, pode ser um pouco decepcionante se deparar com isso. Mas para quem é minimamente exigente, terá uma aventura e tanto.
Diria também que algumas obras falam por si só de sua grandiosidade, não precisando de mais explicações. Mas quando se trata de Jurassic Park, quanto mais história melhor. É tudo viciante. É prazeroso demais acompanhar uma saga que perdura anos e carrega fãs no mundo todo. E convenhamos, quem não gosta de dinossauros, boa pessoa não é. Esta é uma saga que deixa sempre sentimentos à flor da pele, e no final, ganha nosso coração por entregar essa paixão pelos lagartos gigantes.
Confira abaixo o trailer oficial de Jurassic World: Domínio (2022), que estreou nos cinemas nesta quinta, 02 de junho de 2022.