São inúmeros os vampiros na história do cinema, todos com suas peculiaridades e personalidades que marcaram nossas vidas. Desde os mais clássicos, como nosso querido Drácula, até os dos anos 90 como Blade (1998), de Wesley Snipes (que minha mãe amava, por sinal), até Anjos da Noite (2003), e nossos amados Edward e Bella Cullen da Saga Crepúsculo (2008), uma última era cheia de vampiros bonitos e misteriosos que deixaram um legado adolescente que ressoa até hoje em nossos corações. Com um histórico que vai do clichê, para peles pálidas que brilham no sol e olhos cor de mel, será difícil para novos vampiros deixarem sua marca e iniciarem um novo legado. Será que “Abigail” conseguirá criar uma nova era orquestrada pelo seu terror sangrento e um suspense tenebroso? Estamos certos que serão vampiros um pouco mais sombrios, sendo interessante esta abordagem para as telonas.
Sinopse
Um grupo de criminosos sequestra a filha de 12 anos de uma figura poderosa. Mantendo-a em uma mansão isolada, o plano deles começa a desmoronar quando descobrem que a jovem prisioneira é na verdade uma vampira.
Um longa interessante na narrativa e surpreendente nos acontecimentos
“Abigail” poderia ter tudo para não ultrapassar as expectativas e entregar uma história clichê, previsível demais ou não tão impactante. Com um trailer que entrega os principais argumentos da narrativa, muitos espectadores não se sentirão convencidos de assistir ao longa, mas acredito que seja um jogo interessante que começa nos trailers e chega no enredo, que brinca com nossas percepções, sentidos, com os personagens da história e o desenrolar de fatos inesperados. É neste jogo que a gente encontra uma narrativa convidativa, cheia de suspense, mistérios e que deixa muitas perguntas para o espectador. Afinal, quem é quem na história? Quem é fulano? Quem é ciclana? Nesta brincadeira, nós temos nomes trocados, ilusões e fatos distorcidos que nos deixam fascinados pelo enredo.
Com direção da dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, mesmos diretores de Casamento Sangrento (2019), Pânico (2022) e Pânico VI (2023), este longa sabe o que faz ao instigar o espectador e, sobretudo, trazer um terror com muito suspense que navega por cenas com inúmeros detalhes e informações que preenchem absurdamente bem a obra como um todo. Além disso, temos cenas e momentos cômicos que rendem boas risadas, seja pelo absurdo ou pelo humor que alguns personagens exalam.
A protagonista e vilã se destaca, se garante e faz seu triunfo
Alisha Weir, que interpreta a nossa excelentíssima Abigail, simplesmente transcende e destrói na atuação ao se render a uma vampira sanguinária, astuta, inteligente, manipuladora e ser uma completa maldição na vida de seus inimigos. Alisha convence perfeitamente como uma simples menina dócil, desprotegida e que sofre com seu sequestro. Por trás de uma bailarina frágil, está uma vampira assustadora e que, sem dúvidas, vai visitar seus sonhos à noite se você tem medo de filmes de terror. Ela mostra os dentes, troca os papéis, mata homens de quase dois metros e não pestaneja na hora de atacar. E você, acreditaria nessa pobre menina indefesa com dentinhos de vampiro?
O elenco não brinca em serviço e serve boas interpretações
O que mais impressiona neste longa é a escolha do elenco, que não é bobo (e nem inocente) na hora de entregar papéis cheios de personalidade e cada um com seu tempo de tela bem definido e aproveitado. Melissa Barrera, a misteriosa e enigmática Joey, é um dos destaques que consegue trazer intensidade em sua atuação e servir inteligência, coragem e momentos de grande impacto para o longa. Melissa é o ponto de empatia que segura o espectador do início ao fim. Diferente de Dan Stevens, que interpreta o audacioso Frank, um personagem distante do enredo mas presente em suas intenções escondidas e mascaradas.
Além de Kevin Durand (Peter), Kathryn Newton (Sammy), Giancarlo Esposito (Lambert) e William Catlett (Rickles), temos a presença e um in-memoriam lindo para Angus Cloud (Euphoria – 2019), que interpreta Dean no longa, que foi gravado antes de Angus infelizmente nos deixar.
Cenas com muito sangue e gore podem gerar um certo desconforto (já aviso antecipadamente)
A produção não poupou violência e sangue na hora de executar as cenas, além de outras surpresinhas que irão te fazer fechar os olhos para não passar mal. O longa vai por um caminho exagerado ao retratar mortes traumatizantes e pintar os sets e os personagens de vermelho, mas acredito que esses excessos justifiquem a obra precisar deste impacto para fugir do clichê e ser algo surpreendente para o espectador. Bom, conseguiu deixar pequenos traumas cinematográficos, veja que ótimo. Brincadeiras à parte, este é um ponto positivo do filme e impressiona pela qualidade dos efeitos angustiantes e a montagem excepcional dos cenários nojentos (no bom sentido).
Apesar de muito sangue, “Abigail” consegue ser muito conceitual e ter uma ótima direção de arte, que diz muito em cada um dos cômodos de uma mansão assustadora, seja nas paredes, nas janelas, estátuas cheias de simbolismo e outros detalhes artísticos que tornam este longa uma obra de arte — pintada à sangue, eu sei. O que exala conceito também é a trilha sonora de Lago dos Cisnes que ressoa junto da nossa bailarina favorita, fazendo uma alusão ao cisne branco e negro.
Será que temos o nascimento de uma franquia? O que esperar da estreia de “Abigail” nos cinemas?
Tenho um bom pressentimento sobre o “nascimento” de Abigail nas telonas, que estreou com 81% de aprovação no Rotten Tomatoes, sendo elogiado por ser violento, divertido e sangrento. Acredito talvez que este será o nascimento de uma franquia que terá um desenrolar imenso em sua narrativa, personagens e uma história que está só começando. Se possui pano pra manga? Até de sobra. “Abigail” traz em seu primeiro filme inúmeros motivos para aparecer novamente nas telonas e contar direito essa história de uma menina vampira e, principalmente, seu pai misterioso. Além disso, temos mais personagens da história que podem render bons fãs clubes e uma sede insaciável por sangue — sangue nas telonas, gente, por favor.
Confira abaixo o trailer oficial de Abigail (2024), que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (18).