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Filmes de terror que trabalham com o imaginário e até mesmo com aventuras são, de fato, um gênero extremamente interessante a ser explorado. Até hoje, apenas um me cativou, me aterrorizava quando era mais novo e me deixa hoje fascinado. Coraline (2009) é uma obra prima e, sem dúvidas, um filme único e brilhante. Embora esta seja uma referência de peso, talvez suas referências se encaixem sem sucesso e com muito fracasso no longa Imaginário: Brinquedo Diabólico, já que seu potencial talvez tenha sido desperdiçado para dar lugar a um terror relativamente bom, mas que peca ao contar sua história, desenrolar os fatos e cativar o público. Embora tenhamos problemas que elaboro com visão técnica, este terror pode ser uma boa aventura para ir além dos clichês e, principalmente, dos brinquedos amaldiçoados que rondam franquias e já saturaram. Seja bem-vindo(a) a um terror psicológico leve, criativo e com muita personalidade. 

Sinopse

Jessica volta para a casa de sua infância e sua enteada mais nova, Alice, encontra um urso de pelúcia chamado Chauncey. O comportamento de Alice se torna cada vez mais preocupante e Jessica percebe que Chauncey é muito mais que um brinquedo.

O longa é uma proposta ótima para explorar novos enredos

Com novas motivações, Imaginário: Brinquedo Diabólico consegue nos apresentar uma narrativa que não entrega tantos clichês e explora a criatividade ao fazer um jogo psicológico tanto no longa quanto com o espectador. Trabalhar com um mundo imaginário com certeza é um dos pontos altos que fazem nos encantar pela história e deixar uma experiência satisfatória para o público de terror que, convenhamos, é carente de histórias básicas ou previsíveis demais.

Mas talvez o único erro do filme seja imaginar demais — e não conseguir entregar muito do que imaginou. Talvez tenha faltado verba do roteiro para a produção? Acredito que seja uma hipótese. Quando eu trago como referência Coraline (2009) para explicar um terror contemporâneo, notem que é uma comparação de peso e que carrega já uma boa relação com o público. Mas o problema de Imaginário: Brinquedo Diabólico fica estacionado em não conseguir nos apresentar melhor o mundo invertido e ser mais profundo para contar a história, ficando um pouquinho superficial em uma narrativa que pedia um pouquinho mais de conexão com o público.

O ursinho sabe brincar (com a nossa mente)

O ursinho Chauncey, ou nosso querido C.B, é um dos personagens mais cativantes de terror que está presente no filme mesmo sem dizer uma palavra. Ele não tem voz, mas tem carisma e talento para jogar, encantar, manipular e ser um astro de cinema. Chauncey rouba a nossa atenção e curiosidade no longa, sendo um ursinho simpático, fofo e que dá vontade de abraçar, mas que esconde segredos terríveis e uma alma perversa. Será que você vai resistir a esta fofura? Fica uma questão.

Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Um elenco de Imaginário: Brinquedo Diabólico convence e toma conta da tela

A começar por DeWanda Wise que simplesmente é maravilhosa. A mulher nos convence já nos primeiros minutos de atuação, gerando uma certa empatia pela personagem Jessica, alguém sensível, carismática e intensa nas expressões e na atuação. Jessica é o ponto alto do filme e faz uma dupla dinâmica que dá certo com a atriz mirim Pyper Braun, que interpreta Alice. Veja só se este não é um longa que roda pelo país das maravilhas?

Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Alice é uma personagem com uma história e motivações um pouco complexas, e que o longa não conseguiu aprofundar muito bem. Mesmo assim, ela é uma das poucas crianças presentes em longas de terror que conseguem sustentar uma boa atuação e realmente entregar uma boa presença na narrativa. entregar conexão é ponto positivo para longas de terror, já que não dá espaço para o tédio e, principalmente, para o temido clichê que assombra os elementos narrativos.

Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Um vilão que fica entre o bizarro, assustador e ridículo

Afinal, você pensou que Chauncey seria somente um ursinho? Este talvez seja um dos pontos de virada que mais impressionam no filme. A complexidade de um ursinho diabólico carrega algo que vai além de do satânico ou diabólico, temos ali um vilão com uma motivação grande e que gera talvez muitas dúvidas sobre a sua origem e seu mundo. Em alguns momentos, a aparência real de Chauncey é revelada e, sei que em uma delas, eu soltei uma risada sincera por parecer algo fofinho e tosco. Mas em outro momento, este assusta de verdade e deixa um gostinho de fascínio por esta criatura que mal conheço, mas considero muito.

Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Talvez tenhamos mais perguntas — e a resposta é: franquia

Imagem: Divulgação / Paris Filmes

A verdade é que Imaginário: Brinquedo Diabólico é um filme bom e com potencial. Em sua estreia nas telonas, seu papel é cativar e encantar nem que seja um pouquinho, mas acredito que não chegue aos pés do hype e da entrega de M3gan nos cinemas, já que Blumhouse detêm a produção de ambos os filmes. Esta nova aposta de terror psicológico com muita personalidade e criatividade é algo promissor, que já encantou com o lançamento anterior e pode cativar um público sedento pelo terror contemporâneo e, talvez, já cansado dos remakes e apostas sem sucesso ou básicas demais para as telas do cinema.

Confira abaixo o trailer oficial de Imaginário: Brinquedo Diabólico (2024), que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (14).

Escrito por

Alison Henrique

Publicitário, Empresário, Dançarino, Cantor, Estudante de Filosofia e, claro, APAIXONADO por Cinema, Arte, Música e Livros. Crítico de Cinema aqui no {Des}Construindo o Verbo com muito sentimento, emoção e boas reflexões pra gente mergulhar nas obras do cinema contemporâneo. Seja Ficção, Drama, Romance, DC, Marvel, Ficção Científica, Bom, Ruim, Médio ou Péssimo. A gente sempre vai se encontrar por aqui pra discutir um pouco sobre tudo. Instagram: @alisonxhenrique.